A folha que faltava

28-03-2020

Caro Dr. Valli, tenho uma notícia bombásticas para o seu blog Duc in altum.

Postado no Blog de Aldo Maria Valli

Você certamente seguiu, ontem à noite, a partir das 18 horas, a catequese que o Papa Bergoglio leu em uma Praça de São Pedro vazia e assustadora, seguida por um momento de adoração e pela bênção eucarística urbi et orbi com muita indulgência plenário em anexo.

Bem, você deve saber que o pontífice, naquela ocasião, não leu toda a catequese como havia sido preparada para ele, mas pulou a página final.

De fato, duas horas antes do início da transmissão ao vivo, seus colaboradores enviaram o texto para ser lido, para verificar o conteúdo e a forma. Ele rapidamente levou tudo embora sem qualquer reação emocional particular, até que ele chegou ao fundo: e aqui ele franziu a testa, balançou a cabeça e deixou escapar: "Não, esta última página não!".

Dito isto, ele pegou a folha de papel, amassou-a bem e jogou-a na lata de lixo em seu escritório. E esse papel amassado, querido Valli - você pode não acreditar -, no final, pelos meios que não estou aqui para revelar, chegou às minhas mãos.

Aqui está o seu conteúdo, palavra por palavra.

"Irmãos e irmãs, a reflexão que fizemos até agora na travessia do lago tempestuoso é essencialmente voltada para a sociedade em geral: a crise do coronavírus obriga a todos e a todos a rever tanto a mentalidade quanto os comportamentos.

Mas esta crise também desafia a Igreja como tal, e mais especificamente os pastores da Igreja, e minha própria pessoa como pastor dos pastores.

Esta praça de São Pedro vazia e chorosa me assusta! A basílica de São Pedro, que está atrás de mim, tão vazia e silenciosa, me assusta! Nossas igrejas vazias e desoladas me assustam! Por que o Senhor permitiu tudo isso? Fizemos alguma coisa errada? Eu mesmo, durante esses sete anos, como pastor dos pastores, estive errado em alguma coisa?

Irmãos e irmãs, essas são as perguntas que faço a mim mesmo diante de minha consciência inquieta. E sobre essas questões pretendo refletir profundamente durante esses dias de inatividade forçada. E, para discernir melhor, comprometo-me publicamente a pedir conselhos ao papa emérito Bento XVI. É claro que o desrespeitei há algumas semanas, fingindo silenciá-lo sobre uma questão tão importante como a do celibato sacerdotal. Peço publicamente perdão a ele, a Deus e aos homens! Isso nunca vai acontecer novamente! Sua palavra sábia, profunda e pacífica certamente será capaz de destacar o que, nesses sete anos, foi alcançado pelo raciocínio "não segundo Deus, mas segundo os homens".

Irmãos e irmãs, encerro esta catequese, fazendo minhas as palavras que o rei Davi disse ao anjo exterminador que estava atingindo o povo escolhido com o flagelo da peste: "Eu pequei e cometi o mal; eles, o rebanho, o que eles fizeram? Senhor, meu Deus, sua mão vai grudar em mim e na minha casa [isto é, os jesuítas], mas não ataquem o povo!" (1Cro 21.17). Amém.

Caro Valli, Estou convencido de que, se essa folha jogada fora tivesse sido lida, acima da Piazza São Pedro as nuvens se abririam e, no céu já avermelhado pelas luzes do pôr do sol, um maravilhoso arco-íris teria aparecido como um milagre que abarcaria Roma e o mundo tudo, reconciliando tudo com Deus.

Padre Giocondo, de Mirabilandia

Fonte:https://www.aldomariavalli.it/2020/03/28/chiose-e-postille-di-padre-giocondo-13/