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08/01/2016
O ESPÍRITO DA IGREJA DO HOMEM QUE CENSURA FÁTIMA

O ESPÍRITO DA IGREJA DO HOMEM QUE CENSURA FÁTIMA

A Igreja do homem

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Dom Antônio de Castro Mayer (DAC)

«Paulo VI registrava, como fruto do Concílio, um entendimento cordial entre a Religião de Deus que se fez ho­mem e a religião do homem que se faz Deus. Ao se confrontarem — assim Paulo VI — essas posições antitéticas. não houve, “um choque, uma luta, uma condenação” e sim “uma simpatia imensa” que “invadiu tudo”, desembo­cando num amplo humanismo (a!, de enc. do Cone.).

Interessa conhecer qual a contri­buição da religião do homem para esse vasto e universal humanismo. Em ou­tras palavras: quais são as característi­cas da religião do homem, e como, no humanismo universal, elas se amalga­mam com a Religião de Deus.

Postas, lado a lado, a Religião de Deus e a religião do homem, perce­be-se que elas têm características opostas: a Religião de Deus professa a transcendência do Absoluto. Deus se distingue do homem como seu Criador, como Ser infinito, Senhor Soberano. Dele o homem depende na sua própria existência e para Ele se volta prestan­do-lhe a homenagem de um devotamento total.

Na religião do homem, este to­ma o lugar do Absoluto e assume as prerrogativas. A diferença está nisto que, na religião do homem, esse absolu­to humano se encontra dentro do mes­mo homem. É-lhe imanente. É sua própria natureza. Não tem, pois, o fiel necessidade de alienar-se para encon­trar seu deus. Na religião do homem, este se adora a si mesmo, adorando a natureza humana que nele se acha, dando-lhe sua entidade específica. En­fim a alteridade que pede a Religião, entre o que presta culto e o que recebe culto, na religião do homem, se faz en­tre o indivíduo e a natureza comum. Assim concebe a religião do homem, um dos seus autores, Feuerbach, precur­sor de Carlos Marx.

Da diversidade entre a Religião de Deus e a religião do homem, mar­cada pela transcendência da primeira e a imanência da segunda, decorre uma outra diferença: a religião do homem dispensa mediadores: o contacto entre o absoluto imanente e o fiel é imedia­to. Faz-se por coincidência real. Já a Religião de Deus comporta e mesmo supõe mediador, uma como que ponte que supera o abismo de distância entre o finito do homem e o Infinito de Deus.

Mais. Na Religião de Deus, com­preende-se a Religião revelada que a todos os homens se impõe como única verdadeira. (Deus, revelando-se, não poderia, sem desdouro, aceitar culto alheio à sua palavra). Na religião do homem, é um contrasenso falar-se em Religião Revelada que obrigue a todos os homens; pois, nesta, a religião de­pende do homem, é criatura do homem.

Não é difícil de ver-se como à religião do homem é conatural o ecu­menismo que, como dizia Austregésilo de Ataíde, em número passado de ‘Monitor”, “leva os fiéis a pensar que todas as crenças são admissíveis e po­dem ser aceitas na comunhão da Igreja Católica”, e em decorrência natural, propicia a multiplicidade de seitas que apelam para o livre exame, inaugurado por Lutero no campo religioso.

Assim o post concílio reduz a Religião de Deus à religião do homem. Seu vasto humanismo é a nova igreja, ou seja, a igreja que conscientemente se desliga da Igreja tradicional, da Igreja de sempre, como o diz sem rebuços co­nhecida e largamente difundida revista católica: “Foi uma evidente aberração dizer e proclamar-se que “fora da Igreja não existe salvação (Família Cristã, citada por “Elo”. n° 29, dez. de. 1981)”. Eis a igreja post-conciliar a chamar de “aberração” um dogma definido pelo IV Concilio Lateranense.»

(Transcrito de “Monitor Campista”) (DAC)

 

Na época deste artigo, Dom Mayer apresentou o meu livro – «Entre Fátima e o Abismo», onde se falava do lançamento dessa «Igreja do homem» no século XX.

Prevendo a grande débâcle católica a Igreja de Deus socorria a Igreja militante com a promessa de um grande milagre se os Papas recorressem ao Céu, e atendessem a um pedido de Nossa Senhora. Assim não foi.

O que ocorreu desde então na Terra?

“Consideremos agora as ações dos papas desde 1917 a esse respeito. Bento XV pediu a intervenção de Maria Santíssima pela paz universal. Não cogitou, porém, que em Fátima veio a resposta; Pio XI, citado na mensagem, apoiou o culto de Fátima e instituiu a festa de Cristo Rei, mas não fez a consagração pedida; Pio XII, chamado o papa de Fátima, atendeu pessoalmente à solicitação, mas sem ordená-la aos bispos. Cabe concluir que a esperança posta no cumprimento da promessa de intervenção do Céu era insuficiente. Como seria em seguida com o destino desse Papado incrédulo?

João XXIII mandou arquivar a parte ainda secreta da mensagem divina.

Paulo VI, embora indo a Fátima em 1967, evitou mencioná-la. Na véspera da viagem leu a exortação apostólica Signum Magnum, com a qual reconhecia em Nossa Senhora a mulher vestida de sol do Apocalipse, mas deu seu pedido por atendido. Não escondeu que punha sua última esperança de paz na ONU. Foi o «papa» que adaptou a Santa Missa aos protestantes, transferiu a liberdade da Igreja aos cidadãos e a tiara, símbolo da soberania de Cristo Rei, aos pobres. Seus sucessores houveram por bem continuá-lo e ao seu Concílio.

Ficava assim instaurada uma Igreja Conciliar onde o projeto de paz passou a depender de iniciativas humanas sem vínculos espirituais. Além do quê, seria a liberdade de consciência e de religião a constituir o fundamento da dignidade dos homens, e como desta destoa prostrar-se contrito diante de Deus para elevar-lhe súplicas de misericórdia, a oração transformou-se em simples e vulgar diálogo. Aos homens livres competiria mais julgar que acatar mistérios.

Essa liberdade de “julgar” o que deve ser verdade é a premissa da grande apostasia, desde o início insuflada pelo iníquo sedutor: “Sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” (Gn. 3,5). São Paulo (Ts.II, 2) fala desse mistério de iniqüidade presente também na Igreja desde o início, mas retido até que alguém com o poder das chaves lhe franqueasse a saída do abismo de onde se erguerá para impor na Igreja o culto e o domínio do homem.

Podemos ainda considerar essa liberdade quanto à verdade uma insídia remota e hermética nos nossos dias? É claro que pôr em dúvida a verdade única e os sinais da vontade de Deus é manifestação de apostasia e adesão a poder que, “com sinais e prodígios enganosos, com todas as seduções da iniqüidade para aqueles que se perdem porque não abraçaram o amor da verdade para serem salvos. Por isso Deus lhes enviará o artifício do erro de tal modo que creiam na mentira” (Ts. II, 9-10).

Qual artifício do erro maior que o culto do homem, o homem que se faz deus na Igreja de Deus que se fez Homem? Jesus deu-nos o sinal do momento culminante dessa iniqüidade: “Quando pois virdes a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo…” (Mt. 24,15). Daniel fala do Templo onde cessou o sacrifício e a oferta (9,27), do santuário da fortaleza onde cessou o sacrifício perpétuo (11,31).

É sempre à Igreja do Sacrifício que somos chamados a dirigir os olhos. Esta é a Nova Jerusalém, o lugar santo, o templo e o santuário, a fortaleza da fé. Dela vêm os chamados à vigilância e à oração, mas nela veremos o assédio, a invasão, a abominação da desolação no altar, o iníquo que “se sentará no Templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus” (Ts. II 2,4).

Naturalmente, quando o engano atingir tal ponto, tudo será possível e os católicos seduzidos pelo supremo engano, na mesma Sé de S, Pedro, defenderão e respeitarão tal invasor. A quem apelar, então, se a ajuda celeste foi rejeitada?

Estamos diante de fatos abissais. Mas animados pela fé com que pastorzinhos derrubaram gigantes, guiaram reis e advertiram papas, devemos perscrutar desassombradamente os sinais de nossos tempos: presenciamos a tentativa de transformação religiosa pela abertura da Igreja às liberdades do mundo, que constituem repúdio à verdade divina.

Procura-se adaptar as escrituras, os catecismos e a liturgia, além do mesmo magistério eclesiástico, para uso de uma revolução conciliar dessacralizante e inimiga da tradição. Quanto ao sacrifício perpétuo, se não é certo dizer que cessou em muitas missas, certamente foi reduzido e alterado para agradar aos protestantes e ao mundo.

Eis o colosso revolucionário que ocupou a Igreja de Deus e pontifica o erro por toda a Terra, seduzindo com uma união religiosa pela [XIX] felicidade e pela paz que é ofensiva à religião única revelada por Deus e lembrada pelo portento sobrenatural de Fátima. Este colocou a pedrinha que destruirá o leviatã infernal para glória de Deus e triunfo de Maria, Mãe da Misericórdia que não deixaria de avisar seus filhos na abertura do abismo de perdição.

Certamente Deus não abandonará Sua Igreja nesse momento de paixão e apostasia. O mesmo profeta Daniel fala da “pedrinha que se desprende dum monte sem intervenção humana”, que derrubará o colosso. Para o nosso tempo temos também a profecia de São Luís Maria Grignion de Montfort. Qual intervenção divina devemos esperar de Nosso Senhor, senão através de Maria, Medianeira, que por fim triunfará com a da Igreja, como prometeu em Fátima?

Fonte:https://promariana.wordpress.com/2016/01/08/o-espirito-da-igreja-do-homem-que-censura-fatima/




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