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28/04/2017
FÁTIMA: REVELAÇÃO PRIVADA OU PROFECIA PARA NOSSOS TEMPOS?

FÁTIMA: REVELAÇÃO PRIVADA OU PROFECIA PARA NOSSOS TEMPOS?

27/04/2017

São Paulo ensina: “Não abafai o Espírito, não desprezai as profecias.” (Ts 5:19-20)

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Arai Daniele

Quem conhece a apresentação que Dom Antônio de Castro Mayer fez a meu livro «Entre Fátima e o Abismo – Considerações e Fatos sobre o Segredo que desafia o Pontificado e assombra a Cristandade», sabe como o preclaro Bispo insistia sobre a questão de enorme importância de não classificar Fátima simplesmente como «revelação privada». Sua Excia. Sempre deixou clara essa sua relação estreita com a verdade da «Mediação universal de Nossa Senhora, da qual se ocupou.

Há diversos outros estudos sobre essa verdade, que já podia ter sido proclamada dogmática depois de tantas intervenções de Maria Santíssima na história recente para o bem das almas. Há o de mons. Rudolph Graber, bispo de Regensburg, autor de «Atanásio e a Igreja do Nosso Tempo», que disse em 1965: “Deve fazer-se uma distinção cuidadosa entre a revelação pessoal e aquelas cuja mensagem se declara ser para toda a humanidade. A primeira pode ser ignorada com equanimidade. As outras, porém, devem ser tomadas a sério. A Mensagem de Fátima pertence a esta categoria.”

Por conseguinte, Fátima não é apenas uma revelação privada opcional. Fátima situa-se numa categoria mais elevada, a de uma revelação pública e profética, que impõe uma obrigação à Igreja e a todos os Católicos. Além destes bispos devem-se citar alguns teólogos, como seja o Padre Joseph de Ste. Marie, professor do Teresianum de Roma, que deu uma resposta importante a essa questão. Ele nos lembra que em Efésios 2:20 São Paulo diz que a fundação da Igreja estão os apóstolos, mas também profetas. Portanto há que ouvir e obedecer aos profetas do Novo Testamento.

«Lendo os Atos dos Apóstolos, vemos que além do carisma dos apóstolos, fala do carisma dos profetas do Novo Testamento. Certamente, a Igreja não só é fundada sobre o carisma apóstolos, mas também é de origem divina; Na verdade, foi o próprio Jesus Cristo a afirmar a inseparabilidade entre a Igreja e os apóstolos, assim como de seus sucessores, os bispos. Isto aplica-se em particular ao papado. Nesta sede, não abordar esse argumento, mas o da obrigação de escutar e obedecer à voz autêntica dos profetas. No caso de Fátima: da Rainha dos Profetas.

«Três tipos de revelação – é  dever da hierarquia verificar, descobrir e decidir se uma mensagem provem realmente de Deus. Na verdade, o V Concílio de Latrão, realizado em 1515, estabeleceu com uma definição que a tarefa de decidir a interpretação definitiva de uma profecia. ele pertence ao Papa de Roma. A Igreja reconhece três tipos de revelação autêntica. São eles: o depósito público da Revelação Divina, a Sagrada Tradição contida na Sagrada Escritura; as revelações privadas; e as revelações proféticas públicas. A recusa a acreditar na Revelação Divina depositada nas Escrituras é um pecado contra a virtude teologal da fé. Além disso, há o que chamamos de revelações privadas. Em outras palavras, se eu tivesse uma visão de Nossa Senhora, que nunca tive e da qual certamente não sou digno, mas se hipoteticamente eu a tivesse e Ela me mandasse rezar dez décadas do Terço, para o meu bem, seria uma revelação privada. A Mensagem de Fátima ultrapassa de muito isto.

«Em primeiro lugar a Mensagem de Fátima é pública e dirige-se a toda a humanidade, contendo avisos de consequências muito graves se não for escutada. Em seguida lembremos que a Mensagem foi ratificada por Deus por meio do grande Milagre do Sol, testemunhado por 70 mil pessoas, Ainda, essa Mensagem foi profética – portadora de profecias que se realizaram. A Igreja pronunciou-se sobre a Aparição que trouxe a Mensagem de Fátima, considerando-a verdadeira e reconhecendo a sua Festa a 13 de Maio. O Padre Joseph de Sainte Marie, Carmelita e eminente teólogo (falecido na década de 1980), escreveu: “Uma vez que o Papa tenha julgado e reconhecido que uma profecia procede, na verdade, de Deus, então ele tem de lhe obedecer – não como quem obedece ao profeta, mas como quem obedece a Deus.”

“Farei um milagre que todos hão de ver, para crer”

São Tomás de Aquino diz que Deus envia profetas em épocas diferentes segundo propósitos específicos. Fátima é, claramente, única, por se tratar de um aviso público transmitido por Nossa Senhora, um pedido público para o nosso tempo, e ratificado pelo Milagre do Sol. Nós aprendemos a obrigação que ela impõe, lendo aquilo que Nossa Senhora nos pediu que fizéssemos: rezássemos o Terço todos os dias, pediu-nos que fizéssemos sacrifícios pelos pecadores; que oferecêssemos o nosso dever quotidiano como um ato de sacrifício, pediu-nos ainda que fizéssemos a devoção dos Cinco Primeiros Sábados de reparação, e ofereceu-nos o Escapulário Castanho. Tudo isto são deveres e práticas piedosas que é necessário que façam parte das nossas vidas. ~

Nossa Senhora teve Sua Mensagem ratificada pelo grande Milagre do Sol, a 13 de Outubro de 1917, testemunhado por 70 mil pessoas – mesmo por aqueles que lá tinham ido para troçarem do evento, e que vieram espantados por aquilo que tinham visto. Os Seus revestem-se, pois de uma verdadeira obrigação. Não menos obrigação põe o pedido ao Papa para que consagre a Rússia, em união com os Bispos do mundo, ao Imaculado Coração de Maria, de acordo com as especificações de Seu pedido. Para a conversão da Rússia, Nossa Senhora pediu um ato tão simples!

Ao considerar a dimensão enorme dessa graça que Nossa Senhora prometeu  – de converter a Rússia e dar ao mundo algum tempo de paz, fica-se abismado como os Papas e os Bispos tivessem prestado pouca ou nenhuma atenção à promessa, e igualmente o povo católico não perseverasse em jejuar e fazer alguma penitência difícil para manter a atenção a esse pedido da Mãe de Deus.

«O que falta para a conversão da Rússia»

Este é o título do livro do padre M. Dias Coelho (Fundão, 1939), do qual se reproduz o início.

«Não falta quem ataque ou diminua as revela­ções privadas, sob o pretexto de que elas nada de novo trazem, nem podem trazer, ao depósito da Revelação. Outros, numa atitude aparentemente mais benigna, desprezam-nas, alegando que só a Grande Revelação merece confiança e que ela é suficiente para orientar e enriquecer a vida cristã.

«Apesar de insensatas, estas opiniões não são heréticas, mas podem considerar-se perigosas. Baseiam-se com efeito num erro crassíssimo, ou por outra, em dois grandes erros — um, a negação da presença esclarecedora e doutrinadora do Espírito Santo, na Igreja, em todas as etapas da sua história; outro, a afirmação de que a Bíblia contem a revelação formal e explícita de todas as verdades divinas.

«O Espírito Santo não assistiu à Igreja apenas no início, enquanto se compuseram os livros sagrados. Assiste-lhe sempre até ao fim dos séculos, como a própria Escritura ensina. E esta assistência não é meramente de ordem negativa — para impedir o erro; é também de ordem positiva, para esclarecer, definir e estimular o conhecimento de certas verdades que, doutro modo, continuariam em estado embrionário.

«É certo que a Bíblia contém todas as verdades reveladas. Mas muitas delas encontram-se lá ape­nas em síntese, tal como a árvore se encontra na semente. É uma revelação virtual que, atenta a natureza humana, seria só por si, incapaz de ilu­minar a inteligência dos fiéis.

«Quem supre esta falta?

«A assistência perene do Espírito Santo que preside a toda a Igreja.

«Não é apenas o Papa quando fala «ex cathedra», não são apenas os Bispos reunidos em Concílio, é toda a Igreja docente e discente que é animada, dirigida e esclarecida pelo Paráclito.

«Ele é o Espírito donde procede todo o movi­mento e toda a acção. Ele é o Principio e o Fim de tudo o que é bom. Ele é a luz que ilumina e inflama, de mil modos e maneiras, os chefes e os súbditos, os grandes e os pequenos, os dirigentes e os dirigidos, os sábios e os ignorantes. Todos dele participam, embora em grau diferente e para fins diversos: a Hierarquia para comandar; os fiéis para obedecer e, às vezes, para sugerir.

«As revelações privadas são o maior argumento a favor desta verdade. Elas mostram bem como é verdadeira e fecunda a presença do Espírito dentro da Igreja. As grandes devoções do Cristianismo donde nasceram, senão das revelações privadas? Donde veio o Rosário? Donde, a festa e a devo­ção ao Coração de Jesus, donde a consagração ao Imaculado Coração de Maria? Qual a origem do escapulário, da medalha milagrosa, da solenidade do Corpus Christi?

«É certo que todas estas devoções têm as suas bases escriturísticas, mas não fossem as aparições e os pedidos expressos da Mãe de Deus, ou de seu Divino Filho, e elas não só não se tornariam populares, como nem sequer teriam nascido.

«Ninguém diga também que se trata de facto­res inúteis ou insignificantes. Toda a gente sabe papel importantíssimo que o terço desempenhou na história da Igreja, sobretudo em momentos particularmente difíceis, como foi a heresia dos albigenses e a guerra de Lepanto. Quanto às outras devoções, a História, os devocionários e a experiência própria de cada um de nós, está cheia experiência própria de cada um de nós, estão cheios do testemunhos a mostrar o seu extraordinário poder de intercessão junto de Deus.

«A FÉ NAS REVELAÇÕES PRIVADAS

«Falamos apenas das revelações privadas que a Igreja aprovou e reconheceu, como dignas de crédito. Não somos obrigados a acreditá-las com fé divina, nem mesmo com fé eclesiástica. Podemos portanto negá-las aberta ou veladamente, sem perigo de heresia. Será porém sensata e prudente uma tal atitude? Ou por outras palavras, qual a confiança que uma revelação privada nos merece?

«Toda a gente vê que embora a fé exigida não seja eclesiástica, não pode ser também puramente humana, como é a fé prestada a uma notícia dos jornais, ou a qualquer pessoa que connosco trata. A Igreja só aprova as revelações privadas, depois dum estudo exaustivo, capaz de dissipar toda a dúvida prudente. Este facto porém não exigia de nós, mais que uma fé humana, uma vez que o dito estudo é feito com elementos e dados necessariamente humanos.

«Além desse estudo, porém, a Igreja recorre à oração — oração do próprio bispo que julga a causa e oração dos fiéis a quem a intenção se recomenda. E recorre sobretudo à graça do Espí­rito Santo cuja unção divina penetra e fecunda tudo quanto ela ensina ou faz. Quer dizer, numa aprovação episcopal, não fica apenas comprome­tida a competência humana dum homem, mas também a autoridade e a competência eclesiástica dum bispo.

«É por isso que a fé a prestar a uma aparição devidamente reconhecida pela Igreja, não deve ser simplesmente humana. Alguns autores cha­mam-lhe eclesial, para a distinguir da eclesiástica em que se empenha não apenas a autoridade dum bispo, mas a de toda a Igreja.

«Negar a realidade duma intervenção sobrena­tural que a Hierarquia reconhece é, por isso, pelo menos, uma atitude temerária e perigosa. No caso de Fátima, o problema adquire uma amplitude maior e mais grave. Não é apenas o testemunho de um bispo que está em causa. De tal maneira Fátima se impôs à Igreja, que é já hoje multidão de dignitários eclesiásticos que sobre ela se pronunciaram. Seria impossível recolher num só volume, por maior que fosse, todos os depoimentos orais ou escritos que a Hierarquia prestou no caso de Fátima. «Não são apenas os bispos e os cardeais de Portugal. São os de toda Cristandade, com os sumos pontífices à frente (Bento XV, Pio XI e Pio XII, os Papas de Fátima).»

E o padre Messias Coelho aqui conclui:  “Depois de tantos documentos episcopais e pontifícios, alocuções, pastorais, cartas, etc., acerca das aparições da Cova da Iria, pode dizer-se que negar a realidade de Fátima quase equivale a negar o magistério ordinário da Igreja.”

«Se quisermos ser exactos, deveremos dizer que no fundo desta atitude de menosprezo pelas reveIações privadas, há um pedacinho de espírito protestante. Não porque se atribui à Bíblia, uma im­portância demasiada, mas porque se limita a Pala­vra do Deus. Fechando a porta às intervenções do Espírito Santo, através do magistério perene da Igreja, reduz-se a Escritura a um monumento do passudo, monumento grandioso, é certo, mas que não passará dum testemunho estático, duma espécie de mausoléu. Ora a Bíblia é muito mais do que isso. É a Palavra de Deus, Palavra, sempre actual (“sempre viva, Palavra de ontem, de hoje e de sempre, que, mercê da presença do Espírito Santo, se vai constantemente desdobrando em novos e cada vez mais profundos ensinamentos.

«Não se trata evidentemente dum aumento objectivo de verdades, mas apenas dum aumento subjectivo. Ou por outra, duma maior conscien­cialização da Palavra Divina. O que só virtual­mente estava revelado, passa a tornar-se sensível, a merecer maior atenção da nossa parte, tal como as imagens que uma criança recebe na primeira idade, sem de forma alguma as entender, se tor­nam progressivamente inteligíveis, com o desen­volvimento psíquico que acompanha o rodar dos anos.

É por isso que negar as aparições canonica­mente reconhecidas, equivale a negar, ou pelo menos, a restringir a presença inefável e luminosa do Espírito de Deus na Santa Igreja e, o que não será menos grave, a mutilar, ou a dificultar a acção do mesmo Espírito, dentro de nós próprios.

«ESTA PALAVRA «MENSAGEM»

«Por querer, ou sem querer, já várias vezes se tentou diminuir o valor da revelação da Cova da Iria, por causa desta palavra, MENSAGEM. O caso parece anedótico, mas realmente não o é. Quando se fala de La Salette, Lourdes, Pontmain, Banneaux, Beauraing, etc., o facto da apari­ção, considerada em si mesma, parece ser tudo — o resto, o diálogo entre a Virgem e os videntes assume uma importância, a bem dizer, secundá­ria. Esse é o motivo por que tantas vezes se men­ciona o nome daquele santuário, sem acrescentar mais nada. A Mãe de Deus manifestou-se ao Mundo e essa manifestação constitui, já de si, um testemunho da existência, do poder e da extensão extra-celeste do sobrenatural. Nisto se condensa uma grande parte da revelação feita naqueles santuários.

«Foi talvez por isso que em várias aparições, a Visão se manteve silenciosa e estática. Nem gestos nem palavras. A sua presença na Terra era tudo o que interessava.

«Que diferente, porém foi a atitude do Céu, na Cova da Iria! Também ali houve a presença do Sobrenatural, várias vezes e de vários modos expressa; mas houve além disso a palavra — pala­vra tao grande em extensão e em profundidade, que só quem não conheça o que Nossa Senhora disse e sugeriu na Cova da Iria, hesitará em chamar as aparições de Fátima, a maior revelação da história da Igreja, depois dos tempos evangélicos. A maior riqueza de Fátima está portanto na­quilo que a Mãe de Deus disse — ou por outras palavras — na sua mensagem.

«Não será porém um abuso falar-se de mensagem, a respeito de Fátima?

É aqui que têm naufragado vários teólogos sobretudo do estrangeiro. Partindo do princípio que mensagem significa novidade, como não há, nem pode haver novidades substanciais em Fátima, nem em qualquer outra aparição — S. Paulo frisou bem este ponto — concluem que em Fátima não há nenhuma mensagem e que só por abuso, ou ignorância, se poderá falar em mensagem de Fátima.

«Nada mais falso. Ainda que o vocábulo mensagem significasse coisa nova, ainda assim, havia motivo para se falar rigorosamente coisa nova, ainda assim, havia mo­tivo para se falar da mensagem de Fátima. Há com efeito, duas espécies de novidade — novidade de ideias e novidade de exposição, ou ex­pressão, das mesmas ideias. A primeira refere-se a coisas novas, a conceitos que antes se desconhe­ciam — esta foi a mensagem de Cristo, quando falou da Santíssima Trindade, da filiação divina do género humano, etc. coisas que o mundo igno­rava. A segunda refere-se à maneira de exprimir coisas ou conceitos já de si velhos, mas insuficien­temente apreciados, ou de certo modo esquecidos. Este é o caso de Fátima. Toda a gente sabe que o inferno é uma verdade do Evangelho. Contudo, no tempo das aparições, quantos não esqueciam esse dogma? Quantos pregadores se ocupavam dele ? Quantos filósofos o não negavam aberta­mente e quantos escritores, numa atitude de en­cantadora liberalidade e não menos infantil inge­nuidade, tentavam diminuir a dureza e a duração das suas penas? Fátima veio rectificar a doutrina e repor o dogma no seu lugar próprio e escriturístico. Mas há novidades maiores na Cova da Iria. No Evan­gelho fala-se do Coração da Mãe de Deus. Nunca nenhum teólogo porém sonhou que seria tão im­portante a consagração ao mesmo Coração Ima­culado dum país oficialmente ateu, como é a Rús­sia. Nunca ninguém supôs que Nossa Senhora tivesse tantos e tais direitos à reparação que pediu aos pastorinhos, pelos pecados cometidos contra o Seu Filho. Isto foi de certo modo uma novidade. A doutrina estava na Bíblia, mas só em botão. Fátima fê-la desabrochar. Trouxe-lhe mais luz, mais força, mais amplitude.

«Se não fosse Fátima, ainda hoje continuaríamos a duvidar, não só se Nossa Senhora teria direito a consagração da Rússia, como até se esse país lhe podia ser oficialmente consagrado. Mas ainda que Fátima não apresentasse nenhuma novidade deste ou doutro género, ainda assim teríamos razão para falar da mensagem de Fátima.»

A Verdade essencial da Mensagem de Fátima é a da Mediação universal de Maria!

Fonte:https://promariana.wordpress.com/2017/04/27/fatima-revelacao-privada-ou-profecia-para-nossos-tempos/




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