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05/05/2018
A AVERSÃO AO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO NA PROFECIA DE MALAQUIAS

A AVERSÃO AO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO NA PROFECIA DE MALAQUIAS

05/05/2018

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por Arai Daniele

Exprobações aos sacerdotes desviados

“A minha aliança com ele (Levi) foi de vida e de paz; e eu dei-lhe o meu temor, e ele temeu-me, e tremia de medo diante da face do meu Nome. A lei da verdade esteve na sua boca e a iniqüidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em eqüidade, e afastou muitos da iniqüidade. Pois os lábios dos sacerdotes são os guardas da ciência e da sua boca se há de aprender a lei, porque ele é o anjo do Senhor dos exércitos. Mas vós desviaste-vos do caminho e escandalizastes a muitos na (observância) da lei; tornastes nula a Aliança que eu tinha feito com Levi, diz o Senhor dos Exércitos.” (Mal 2, 5-8).

Não há que pensar serem estas palavras restritas aos sacerdotes (levitas) daqueles dias; a situação se repete em muitas épocas, mas, em algumas mais do que outras, se generaliza e até se institucionaliza. Nos nossos dias, atingimos o paroxismo dessa aberração havendo altos prelados que permitem e até promovem heresias e abusos litúrgicos e nem por isso são advertidos, ao contrário, vêm o próprio prestígio exaltado através das vozes do mundo, para exigir acatamento e usar seus poderes isolando e condenando os fiéis denunciantes.

Até João Paulo 2º, falando no convênio das Missões (6/2/81), descreveu as trevas religiosas de nossos dias:

“É preciso admitir realisticamente e com profunda e sofrida sensibilidade que os cristãos hoje em grande parte sentem-se dispersos, confusos, perplexos e até desiludidos; foram espalhadas a mãos cheias idéias contrárias à Verdade revelada e sempre ensinada; propagaram-se verdadeiras e próprias heresias, em campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; também a Liturgia foi violada; imersos no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo e pelo iluminismo vagamente moralista e por um cristianismo sociológico sem dogmas definidos e sem moral objetiva.”

Diante dessa situação assustadora que fizeram os Bispos? Envidaram esforços para corrigi-la, admoestando e repreendendo os culpados como ensina São Paulo? Apontaram aos fiéis os erros para que se precavessem? Afastaram os fautores de heresias? Nada disso. Ao contrário, continuam por aí afirmando verem sinais dos tempos de uma nova Igreja aberta para o mundo dos pobres e do futuro com as ideias de profetas-teólogos da grande libertação. Eis confirmado o que dizia São Paulo (Tm II, 4-3): “Por que virá tempo em que muitos não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme seus desejos, levados pelo prurido de ouvir. E afastarão os ouvidos da Verdade e os aplicarão às fábulas.”

“Por isso, como não guardaste os meus caminhos, e, quando se tratava de sentenciar, seguindo minha lei fizestes acepção de pessoas, também eu vos tornarei desprezíveis e vis aos olhos de todos os povos.” (Mal, 2-9).

É assim que, diante de um número crescente de fiéis que, assustados, voltam a estudar a Doutrina e a Liturgia para entender as mudanças, dentro da Igreja apresenta-se um quadro assustador e grotesco: um clero que embora consagrado à pregação da Palavra e à preservação do seu Tesouro, em todos os níveis, se ocupa freneticamente em dilapidá-lo, para introduzir um palavreado indigente e estéril, esterco de ídolos humanos que procuram imitar com cômica solenidade e vil subserviência. “Eis que vos tirarei a espádua e atirar-vos-ei à cara com o esterco de vossas solenidades que se pegará a vós.” (Mal, 2-3). Assim termina o capítulo de exprobrações e ameaças aos sacerdotes que faltam a seus deveres e antes “não aplicaram os corações a dar glória ao Nome do Senhor Deus dos exércitos.”

E deste «divórcio sacerdotal» a Profecia passa ao social, com as mesmas palavras em relação ao abandono do «gozo e alegria» de nossa juventude.

Condenação dos divórcios

Nosso Senhor condenou o divórcio e Malaquias é Seu precursor imprecando, já então contra os divórcios, apesar destes serem tolerados pela lei antiga que considerava a dureza de coração dos homens. O texto é comovente:

“Ainda fizestes mais: Cobristes de lágrimas, de prantos e de gemidos o altar do Senhor, de modo que eu não olharei mais para os vossos sacrifícios nem receberei da vossa mão coisa que me possa aplacar. E dissestes: Por que causa? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a esposa de tua juventude, a qual desprezastes, sendo ela a tua companheira e a esposa de tua aliança. Porventura não a fez Aquele que é uno e não foi o Seu sopro que a animou? E que pede este único (Autor) senão que saia de vós uma linhagem de Deus? Guardai, pois, o vosso espírito e não desprezeis a mulher que recebestes na vossa juventude.” (Mal 2, 13-15).

Nesta lição está toda a dignidade e essência do matrimônio criado por Deus e sinal de uma aliança humana que confirma e reforça a Aliança com Deus uno, multiplicando a linhagem que a segue. Pode alguém pôr em dúvida que esta lei altíssima que determinou a harmonia e justiça da sociedade cristã, hoje é preterida não só diante da precária justiça civil, mas nas consciências endurecidas de povos indiferentes à elevação do voto sacramental do matrimônio?

Hoje, o altar familiar está sendo abatido através de leis ao serviço de sentimentos provisórios e prazeres fugazes, não deixando lugar para os desígnios de Deus Criador e de Sua Lei Absoluta. Não só os homens fizeram-se zelosos só de seus pretensos direitos e satisfações, mas também as mulheres chegaram a organizar-se para defendê-los e promovê-los em nome de valores imaginários e artificiais.

Condenação dos casamentos idólatras

Nesta leitura, existe a tendência a considerar o fato descrito, isto é, a condenação dos casamentos entre judeus e mulheres estrangeiras, como uma particularidade de costumes e leis (diriam hoje, tabus) de caráter hebraico.

Certamente são repetidos em nome de Israel, Judá e Jerusalém, mas a leitura deve sempre ser espiritual, portanto além de uma época limitada, “porque o Senhor não muda” e Israel está para o povo cristão como Jerusalém está para Roma. De fato, a universalidade do texto vem nas primeiras linhas: “Porventura não é um mesmo o pai de todos nós? Não foi um mesmo Deus que nos criou? Por que razão, pois, despreza cada um o seu irmão, violando a aliança de nossos pais?” (Mal 2, 10).

Deve-se, portanto, considerar que o termo “mulher estrangeira” tem o preciso significado de uma pessoa de formação, costumes ou convicções estranhas à lei e aos preceitos do Decálogo dado por Deus sem implicações de raças ou de origem. Houve idolatria contrária e estranha à Lei, mesmo entre descendentes do Povo eleito, nominalmente fiéis, que, para vantagem própria recorrem ao divórcio e também ao aborto ou outras abominações condenadas. Adoradores do bezerro de ouro que oferecem somente no altar da própria sensualidade e orgulho e não segundo os ditames do Deus zeloso, que procuram ignorar e esquecer.

Poderá alguém negar que hoje, não só a lei do Matrimônio foi adulterada, mas a finalidade desse voto e das relações entre homem e mulher foram completamente subvertidas a favor de slogans revolucionários para “viver a própria sexualidade” e “realizar-se” como homem e mulher, etc.

As leis liberais e socialistas engendraram para a sociedade humana ideais que se aplicam de maneira desordenada em todas as atividades humanas. Por exemplo em relação ao sexo, atividade finalizada à reprodução, portanto de valência social, a mesma sociedade passa a guiá-la noutro sentido, abdicado ao arbítrio pessoal e fazendo crescer pornografia, imoralidade e violência, no aumento das separações conjugais, da prostituição, dos abortos e dos crimes sexuais mais repulsivos.

Devemos lamentar hoje, a esse propósito, um vergonhoso recuo da moral cristã que segue a alienação dos guardiães espirituais, ocupados em áreas de importância religiosa discutível. Empregam-se tons vibrantes e indignados ao referir-se à propriedade privada, “sobre a qual pesa uma hipoteca social” e evita-se falar da hipoteca social, moral e espiritual sobre a sexualidade humana que determina a vida dos povos e condiciona gravemente a salvação das almas.

A ofensa aumenta diante da DÍVIDA esquecida

Como foi que hoje trocou-se uma palavra por outra, ignorando ou desprezando os valores recônditos ou plenos que elas encerram?

Certamente as palavras sofrem com os hábitos daqueles que as usam. Quando, nos dias que correm, as pessoas, a qualquer pretexto, trocam palavras de cortesia ou mesmo de dúvida usando o verbo crer, esse crer coloquial é a negação do crer verdadeiro ou afirmação da dificuldade de crer realmente em algo.

Não existe um “crer” mais ou menos bem educado par inglês ver. Mas passemos agora à palavra “dívida”, que foi substituída no Padre Nosso em português pela palavra “ofensa”. Confesso desconhecer as alegações dessa mudança. Posso naturalmente imaginar que para alguns, um termo usado no comércio parecerá impróprio quando rezamos a Deus. Mas o simples fato de ter sido feita uma troca de tal nível deveria implicar razão superior. Não será que justamente a palavra dívida é a mais justa, ensinando noções que precisam ser desenvolvidas?

A sabedoria do Evangelho demonstra claramente como nada é mais universal e perene para os ouvidos humanos do que a parábola que descreve o Céu falando de campos e de flores, de frutos e de pão. O pastor, a ovelha, os porcos, o figo, o barro, a videira, os talentos, os servos, o rico e o pobre, e tudo o que o homem continua a ver por aí numa repetição feérica de natureza e de comunidade, de colheitas e de tempestades. É a linguagem de sempre e Jesus, ensinando, usou termos da vida corrente para cada coisa e nem por isso a sua linguagem deixa de ser luminosamente espiritual e atual. Será que essa lição precisa hoje ser mudada? Será que não entendemos mais o que é dívida? Ou esse termo se fez prosaico e venal devido às nossas operações de banco ou de bolsa?

Venal ou não, a questão é saber se temos para com o Nosso Pai uma relação bilateral de dar e haver ou se basta pensar que não O ofendemos para poder passar adiante, a assuntos mais espirituais. Resta o fato de que o nosso corpo mantêm de qualquer maneira, relações de dar e haver, de usar e restituir com a entidade que o envolve e por mais que queiramos abstrair dela será difícil excluir a providência de Nosso Pai e Criador dessa vital contabilidade material. Todo o psicologismo não faz mais que explicar o mundo na luz do subjetivo. Chega porém o momento em que se deve confrontar com o objetivo e saber o que se entende por dívida em dar e haver, em usar e restituir, projetando alto e longe a idéia de dívida. Se alguns temem de que essa palavra distráia com uma noção chã e mesquinha, há que ver nela as reais conotações de promessa, pacto, empenho e de vínculo indelével.

Em verdade, para exprimir a nossa profunda relação com Nosso Pai e Criador, é mais justo fazê-lo em termos de dívida, do dever de gratidão, do que de ofensa.

Um filho pode afastar-se de casa sem palavras e sem ofensa em plena indiferença para com os seus deveres filiais. Desconheceu a dívida como o ateu desconhece a existência de seu Criador, porém não levou nada e poderia dizer que não ofendeu.

Do mesmo modo aplicar o trabalho à terra, colher os seus frutos, pensando nada dever? Travar relações com outros, fazer amizades, encontrar uma companheira para a vida e usufruir do afeto e do prazer dessa relação, crentes de nada dever, tudo num impecável equilíbrio de dar e haver? Ora, a realidade da vida pessoal e social demonstra que se falta algo no mundo é justamente esse equilíbrio. Dai a lição cristã pela qual no nosso íntimo temos na verdade mais pelo que doamos.

Ao contrário, cultivar as amizades, como o solo, para extrair bens para o nosso sustento e conforto com a idéia de que tudo nos é devido, se acaba por arruinar esses bens, poluindo e infestando até as normas de honrar as dívidas de gratidão se não forem escritas e reivindicadas, segundo a noção de dever e de devedor.

Acaba-se por substituir o alto sentido da gratidão pela idéia de que basta não ofender. Se o homem, por um só momento, esquecer que é devedor ao alto, terá menos razões para lembrar pequenas e materiais dívidas para quanto é daqui de baixo. E mais ainda, não terá razão para perdoar aquelas que lhe são devidas no mundo. Se preciso for, recorrerá à humilhação, à ofensa, para vê-las saldadas.

O código humano essencial é aquele escrito, antes que nas leis, no nosso íntimo. Enquanto tivermos ali anotada a nossa dívida permanente de vida e de redenção, então sim, todos os nossos esforços podem servir para tentar saldá-la e na medida mesma em que pudermos fazê-lo, com alguma parcela, que só nos deve parecer irrisória e insuficiente, diante do Sacrifício redentor. Assim é, e assim será sempre na Ordem cristã, para benefício social, quando procuraremos não só não ofender, mas perdoar os nossos devedores para sermos também perdoados.

Eis o vínculo, o verdadeiro pacto também social em dimensão de eternidade.

Este é implícito na parte inicial e mais importante da Profecia porque se refere ao culto, aos sacrifícios e oblações na mais sincera gratidão para com Deus.

Dela se falou no artigo precedente para relevar como, do reto culto a Deus, deriva, além da proteção divina à sociedade humana que o celebra, também a mentalidade justa dos homens. De fato, da falta de um justo sentimento de gratidão da criatura para com o Pai que enviou o Filho para salvar-nos com o Seu Sacrifício de amor, deriva toda a parte negativa e rebelde da mentalidade de direitos humanos a detrimento da reta noção de deveres e do espírito de sacrifício, formador da vontade para enfrentar a luta pelo bem próprio e dos outros.

Em suma, a sociedade moderna está em fase de auto-destruição devido à falta no cultivo do verdadeiro amor que caracteriza a vida cristã. E esta só pode nutrir-se do maior e mais perfeito amor, que emana do Santo Sacrifício do Filho para satisfazer a Vontade do Pai e com Sua Paixão e morte salvar os homens.

Fonte:https://promariana.wordpress.com/2018/05/05/a-aversao-ao-espirito-de-sacrificio-na-profecia-de-malaquias-2/




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