Sinais do Reino


Conversão
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05/08/2013
A inesperada conversão de um jovem saudita.

A inesperada conversão de um jovem saudita à Igreja fundada por Jesus Cristo.

 


P. J. Ginés

Michael A. é um jovem da Arábia Saudita que se batizou católico nos Estados Unidos, onde estudava, pouco antes de voltar ao seu país. Publicou seu testemunho em inglês no Catholic-convert.com

Por um lado, é uma história insólita, porque encontrar sauditas convertidos ao catolicismo é muito pouco frequente. Por outro lado, é representativo de um fenômeno novo: hoje a Internet facilita que os cristãos que falam árabe possam explicar sua fé a muçulmanos dessa língua, em programas árabes de chat e debate como Paltalk, evitando os ensinamentos anti-cristãos que recebem nas escolas de países islâmicos.

 

A educação de um menino saudita

Michael (seu nome cristão) cresceu na Arábia Saudita em uma família sunita, ainda que não se considerassem menos muçulmanos que ninguém. No colégio estudou desde muito pequeno o Corão, a teologia islâmica, o direito islâmico (fiqh), os ditos de Maomé (hadiz), os comentários ao Corão (Tafsir) e a história islâmica.

Também no colégio aprendeu, como todos os meninos sauditas, que os chiitas, os cristãos, os ateus, os liberais e o secularismo estão completamente equivocados. Sobre os cristãos, lhe ensinaram 5 coisas:

1- Que corromperam a Bíblia, tirando dela o nome de Ahmed (que se refere a Maomé)
2- Que Jesus é só um profeta e um messias (sem explicar o que é isso de ser messias) mas não é filho de Deus nem “outro deus como Alá”, uma invenção dos cristãos.
3- Que Jesus não morreu na cruz, porque Alá não permitiria tal coisa para um de seus profetas; quem morreu na cruz foi outro, e assim os cristãos adoram outra pessoa
4- Que os cristãos são politeístas, e adoram três deuses: Alá, Jesus e Maria!
5- Que o cristianismo é uma religião falsa, os cristãos são infiéis, e segundo Maomé não tem nem que saudá-los

“Eu sabia tudo isso antes dos 10 anos, e nessa idade tentei converter ao islã nossa criada filipina”, recorda Michael.

Sua primeira oração sobre Jesus

Ele desde menino sempre acreditou em Deus como um amigo que lhe escutava, mas não era nada disciplinado nas 5 orações diárias que deve recitar o bom muçulmano. Seus pais tampouco insistiam no tema. Um dia, um pregador sunita falou do fim do mundo, da guerra do bem contra o mal, quando Isá (Jesus) voltará e reunirá os verdadeiros crentes em um exército.

Michael temia ir para o inferno por não rezar suas 5 orações diárias, e sinceramente orou a Deus e lhe disse: “Quando Jesus voltar, eu quero estar em seu exército”. “Creio que Deus respondeu a esta oração anos depois”, recorda hoje. Entretanto, os pregadores asseguravam a todos que Roma cairia logo, como já caiu Constantinopla.

De muçulmano fervoroso a tíbio

Durante um tempo, adquiriu fervor pelo Islã, até que se produzissem atentados na Arábia Saudita, quando os militantes do jihad puseram bombas inclusive na polícia saudita e muçulmanos civis, inocentes. “Era algo que não podia aceitar nem entender”. Também via islamistas fervorosos mas incoerentes. E decidiu ser um “muçulmano normal”, ou seja, um tíbio, que escolhe crer em algumas coisas e outras não.

Aos 17 anos seu pai o enviou aos Estados Unidos para estudar inglês, vivendo em uma família católica com a qual não falou de religião. Mas nessa primeira viagem aprendeu a amar aspectos da cultura ocidental: a liberdade de expressão, os direitos da mulher, a liberdade religiosa…

Em 2009 morreu uma pessoa famosa que não era muçulmana. Conversando com seus amigos na Arábia, o jovem disse: “Deus bendiga sua alma”. Porém seus amigos se enraiveceram muito e pediram que retirasse essas palavras, porque é errado rezar pelos infiéis.

Efetivamente, repassou o Corão e encontrou que ali se proíbe de rezar pelos não crentes, e que há muitos insensatos dos mestres proibindo rezar por não-muçulmanos e ir a seus funerais. “Isso despertou perguntas em meu coração, porque sempre senti que Deus é bom e amoroso”, recorda. Este incidente foi o que lhe animou a estudar com mentalidade cética suas crenças islâmicas.

Como fiar-se nos textos islâmicos?

A divisão entre muitos ramos do islã o inquietou. E se perguntou também como podia confiar nos ditos e textos de Maomé que se conhecem através da primeira geração muçulmana, quando é evidente que não eram pessoas virtuosas nem fiáveis: a esposa de Maomé, Aisha, “dormiu” com seu sobrinho, Ali; também o fez Muawiyah; mas a doutrina sunita diz que são testemunhas fiéis e virtuosos. Como crer que os “ditos” do Profeta se transmitiram com fidelidade?

Então aconteceu algo que ainda não entende senão como um movimento do Espírito Santo. Teclou “Jesus Cristo” no YouTube, e começou a ver vídeos em árabe de pessoas que diziam que tinham encontrado Jesus, que era seu Senhor e Salvador pessoal. “Cristo me apareceu em um sonho”, dizia um. “Vi Jesus em uma visão”, contava outro. “Ele pagou por mim na Cruz e assim me fiz cristão”, um terceiro.

“Para mim eram vídeos sem sentido, propaganda americana para que nos fizéssemos cristãos”, pensava.

 

E Deus tomou carne humana…

Então um vídeo lhe fez pensar, dizia: “Deus deixou sua glória celeste e tomou carne humana na pessoa de Jesus, e morreu na cruz para te salvar com seu sangue”.

Todas as crianças sauditas sabem que os cristãos adoram a Jesus como um deus, mas a ideia da Encarnação, de que o Deus único e poderoso se tinha feito homem e tinha morrido para salvar os homens, cada um… era novidade, inaudito.

Então para saber mais de Jesus, começou a ver o filme “Jesus de Nazaré”… uma hora, até que seus pais chegaram em casa e desligou a TV para que não descobrissem. Aí parou sua investigação por um tempo.

Estados Unidos, pecado… e perguntas

Voltou aos Estados Unidos, agora como universitário, e longe do lar esqueceu de suas inquietudes teológicas e se focou numa vida de bebedeiras, amizades más e “todo tipo de pecados”.

No final de uns meses, sentindo um grande vazio moral, entrou em sites cristãos na Internet com o pseudônimo “Lost Arabian” e começou a fazer perguntas sobre a fé.

- Por que não pedes a Jesus que te mostre a verdad sobre Ele? -disse-lhe alguém na Internet.

- Não posso. Perguntar a alguém que não seja Deus, para mim, seria idolatria e politeísmo -respondeu.

- Então, que tal se pedisse a Deus que te mostre se Jesus é seu Filho?

Isso sim podia fazer. E fez. E no momento em que formulou sua pergunta a Deus, “experimentei um amor por Cristo muito profundo. Desde esse momento Jesus começou a ocupar minha mente. Não podia tirá-lo de meus pensamentos”.

Os vídeos de “sonhos” e “sensações” não bastavam para ele. Queria argumentos, razões. Não lia a Bíblia, mas lia webs cristãs.

No YouTube encontrou de tudo: vídeos islâmicos que atacavam a divindade de Cristo, O Código Da Vinci… Tinha sede e buscava mais.

Última oportunidade para o Islã

Pouco antes de Ramadã de 2010, o jovem deu uma última oportunidade ao Islã: “Deus, se o Islã tem que ser minha religião, dá-me um sinal”. A ele já o incomodava ver que o islã ensinava tantas falsidades sobre o cristianismo. E lendo o Corão encontrou os versos que correspondiam a esses dias: todos eram incitações para odiar os judeus. Pareceu-lhe evidente que isso não vinha de Deus.

O arcanjo São Miguel

Nesses dias encontrou uma imagem do arcanjo Miguel pisando a cabeça de Satanás. Quis saber mais de Miguel buscando em fontes islâmicas e cristãs. Viu que era um guerreiro celestial de Deus, que lançou Satã do Céu. “Depois de investigar sobre ele vários dias, fiz uma estranha prece: pedi ao Todo-poderoso que me ajudasse a encontrar a verdade enviando-me este anjo para guiar-me. Quando acabei a oração, senti que algo tocava minha mente e coração. Uma voz em meu interior me dizia que Jesus era a Verdade e me pedia que aceitasse”.

Aí começaram três dias de dura luta espiritual. Essa voz fazia “arder sua alma com o amor de Cristo”, um “fogo de adoração” o levava a Jesus. Mas ele não podia, não queria cometer politeísmo, 21 anos de doutrina islâmica o bloqueavam.

E então encontrou um hino católico na Internet chamado “Anjo guardião do céu tão brilhante”. “Cantei com lágrimas, sabendo que entrava no desconhecido. Senti a presença de Deus mais nos dois dias seguintes. Sabia que Ele me chamava, que Jesus era Deus, que o Rei dos Reis me chamava. Esse pensamento me deixou sem palavras. Prostrei-me de joelhos no terceiro dia e recitei a oração mais herética porém honesta”.

- “Jesus, não sei se deveria te rezar ou ao Pai ou ao Espírito Santo. Temo rezar-te e que Deus Pai fique bravo por esquecer-lhe, ou que se incomode o Espírito Santo também. Realmente, não entendo como é isto de Trindade. Porém sei que és real e és meu Deus e te aceito como meu Senhor e Salvador pessoal. Não sei o que me acontecerá, mas cuida-me, que confio em ti. Amém”.

E foi dormir, e despertou sabendo que era cristão.

O assombro ao ler o Evangelho

Porém, o que mais havia de fazer? Comentou com um amigo no YouTube que agora era cristão, e essa pessoa o fez chegar ao Novo Testamento. Pela primeira vez, Michael se aproximou do texto do Evangelho, lendo São João. Era incrível, tão simples de ler! Não era como o Corão, incompreensível sem as notas e comentários.

E encontrou estas palavras: “A todos os que o recebem, os que crerem em seu Nome, lhes dará o direito de serem filhos de Deus”. E se pôs a chorar. Filho de Deus! Não só servidor ou escravo, como no Islã, mas filho. Podia chamar Pai ao Todo-poderoso, de verdade. E já não tinha que odiar ninguém, mas amar a todos, inclusive os inimigos e perseguidores.

A triste divisão dos cristãos

Pela Internet, uma garota batista lhe disse que tinha que batizar-se e escolher uma Igreja, qualquer, “exceto mórmons, testemunhas de Jeová e católicos”.

Nos sites de Paltalk em árabe se espantou de encontrar bastantes convertidos do Islã ao cristianismo, e também encontrou árabes de família cristã, mas lhe inquietava ver tantas doutrinas contraditórias.

Uma garota calvinista lhe dizia que se não anunciasse publicamente seu cristianismo, arderia no inferno; os outros lhe diziam que era lícito esconder sua fé. Uns lhe diziam que batizar-se era imprescindível; outros, que só era um símbolo. Qual Igreja era a verdadeira?

Sua origem islâmica apontava para o protestantismo: sem imagens, sem Papa, mais simples… Porém ele não queria guiar-se por seu passado islâmico. Então teve contato com o capelão católico da universidade, um padre jovem que ficou muito espantado por sua história.

O padre o levou à paróquia próxima, o aproximou do altar, e mostrou o grande crucifixo (“uau, esta é a Igreja, como nos filmes”, pensou ele), se ajoelharam os dois, e ele o abençoou marcando o sinal da cruz em sua fronte. Quando no dia seguinte foi à missa, soube que a igreja era dedicada a São Miguel Arcanjo.

As objeções protestantes

Na internet encontrou um pastor pentecostal ferozmente anti-católico, que lhe passou materiais muito contrários ao catolicismo e lhe ofereceu ajuda econômica e com residência nos Estados Unidos.

Mas ele preferiu seguir investigando e fazer perguntas a um colega que era ex-batista e estava se preparando para ser católico, como ele. Este garoto conhecia as objeções típicas protestantes e sabia respondê-las. Michael leu clássicos como “Onde está isso na Bíblia”, de Patrick Madrid ou “Roma Doce Lar” e “Salve, Rainha e Mãe” do ex-protestante Scott Hahn.

Dedicou 6 meses para estudar a fé, para analizar as crenças dos Padres da Igreja, de Santo Ignácio de Antioquia, de Santo Irineu, a autoridade dos Papas dos primeiros séculos (Clemente, Victor), sua crença na Presença Real na Eucaristia, a autoridade do Papa Dâmaso que em 382 formou o cânon da Escritura…

Também aprendeu que a Igreja com sua autoridade podia rechaçar livros não fiáveis, como o Evangelho da Infância de Tomás, do qual o Corão havia tomado a história dos passarinhos de barro que o Menino Jesus dava vida.

Chegou à conclusão de que a Igreja que Jesus havia fundado era a católica, e a diversidade de doutrinas entre os protestantes era uma confusão que debilitava o cristianismo e a evangelização.

“É um mal filho e um traidor”

Quando seus pais o visitaram nos Estados Unidos, contou a eles que não era mais muçulmano e que ia se batizar como católico. Seus pais o chamaram de traidor, mal filho, e anunciaram que não pagariam seus gastos universitários nem sua estadia, e que se envergonhavam dele por querer ser “ocidental”.

Michael aguentou a tempestade, primeiro “contente por ser perseguido por minha fé”, depois entristecido por ser rejeitado. Foi rezar na catedral, e outros rezaram por ele. E em dois dias aconteceu que seus pais mudaram sua postura: o aceitaram em casa e na família, mas só lhe pediram que não dissesse a ninguém na Arábia que era cristão para não ter problemas com o governo.

Em setembro de 2011 iniciou sua formação para o batismo, mas por um acontecimento inesperado se viu forçado a deixar os Estados Unidos e voltar para a Arábia. Cinco dias antes de partir, o bispo norte-americano deu permissão para batizá-lo e assim o fez 3 dias antes do voo: batismo, confirmação e primeira comunhão. Quando voltou para a Arábia era um católico completo, iniciando um novo caminho.

 

 

Fonte: http://religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=29285

 




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