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Reflexões
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01/12/2013
No Mundo,duas cidades se combatem

    NO MUNDO, DUAS CIDADES SE COMBATEM

 25 de Novembro de 2013

1.

Sobre esta terra, duas Cidades estão diante uma da outra e travam uma luta mortal uma contra a outra: a Cidade de Deus ou a Cidade dos cristãos, presidida por seu chefe, Jesus Cristo, e a Cidade do mundo ou a Cidade dos anti-cristãos, governada por seu chefe, “a serpente antiga”, “o príncipe deste mundo”, “o deus deste século”.

A Cidade de Deus opõe à Cidade do mundo uma doutrina e um exército. Esta doutrina é o “Evangelho da salvação”. Este exército é a hierarquia católica, composta pelo Papa, pelos bispos e pelos padres, que pregam por todo o universo “a palavra de verdade”, e que regem com uma autoridade divina a humanidade regenerada.

Por sua vez, a Cidade do mundo opõe à Cidade de Deus erros e milícias. Estes erros hoje são o racionalismo e o semi-racionalismo. Essas milícias são as sociedades secretas ou a franco-maçonaria.

    “O supremo desígnio dos francos-maçons, diz Leão XIII em sua Encíclica incomparável que será nossa principal luz em todo o curso desta obra, é aniquilar toda a disciplina religiosa e social que nasceu das instituições cristãs, e de lhe substituir uma nova, moldada às suas ideias, e cujos princípios fundamentais e as leis são tomadas do naturalismo[1]“.

Falamos dos erros modernos. Resta-nos tratar das sociedades secretas ou da franco-maçonaria.

2.

Dividiremos este novo estudo em três partes. Investigaremos inicialmente qual é o propósito da franco-maçonaria; em seguida estudaremos as sociedades maçônicas em si mesmas; enfim veremos como as seitas trabalham no fim proposto.

Em outros termos, consideraremos:

  a)  O plano do templo maçônico;
  b)  Os operários que são empregados para construí-lo;
  c)  O trabalho de construção[2].

3.

Poder-se-ia dizer que a franco-maçonaria traz sua definição em seu próprio nome: ela é uma associação de maçons (pedreiros) francos ou livres[3]. Maçons constroem um edifício: qual é o edifício elevado por esses maçons livres? Eles edificam, dizem eles, “o templo da liberdade, da igualdade e da fraternidade“, “a igreja da razão e da natureza”, “o santuário da verdade e da virtude”. Eles edificam, dizemos, o templo de Satanás.

4.

Jesus Cristo se comparou a um arquiteto, e ele comparou sua Igreja à um edifício: “Tu és Pedro, disse ele ao chefe dos seus apóstolos, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja[4]“.

Satanás, o rival e o “adversário” de Jesus Cristo, também pretende ser um arquiteto; ele também quer edificar um templo.

5.

O templo de Jesus Cristo é o templo da obediência perfeita a Deus, o templo da fé e da caridade. O templo de Satanás é o templo da revolta universal contra o Eterno e seu Cristo, o templo da impiedade e da libertinagem. O primeiro templo é todo homem submisso a Jesus Cristo, tornado semelhante a este “primogênito” dos filhos de Deus, em uma palavra, tornado cristão: “Não sabeis, diz São Paulo aos fiéis, que sois os templos de Deus, e que o Espírito Santo habita em vós?[5]” “O templo de Deus é santo, diz ele ainda, e esse templo é vós mesmos[6]“. E ainda: “Sois o edifício de Deus, o templo do Deus vivo: Dei aedificatio, templum Dei vivi[7]“.

O primeiro templo também é a Igreja tomada em seu conjunto, toda a humanidade regenerada, que o Espírito anima com seu sopro e sobre a qual Jesus Cristo reina: eis o verdadeiro tabernáculo de Deus com os homens[8]“; eis o templo cujo Ezequiel e São João mediram as vastas proporções[9], do qual todos os profetas celebraram as magnificências[10].

O segundo templo é todo homem revoltado contra Deus e seu Cristo, que se tornou semelhante ao primeiro dos revoltados e, com ele e sob ele, um anticristo. Trata-se também do conjunto de todos aqueles que o espírito de revolta anima, a reunião de todos esses orgulhosos e de todos esses libertinos sobre os quais reina o Arcanjo decaído.

6.

Ora Jesus Cristo, para edificar sua Igreja, emprega operários: estes são o Papa, os bispos e os padres, é a hierarquia católica. Satanás, por sua vez, na construção do templo da revolta, se serve de operários organizados em hierarquias: hoje eles são os francos-maçons.

Os operários de Jesus Cristo pegam “essas pedras humanas, que jazem dispersas[11] desde a ruína original: eles as talham, eles as lustram[12], tendo como modelo a “pedra angular posta pelo próprio Deus em Sião[13]“, e as inserem na magnífica estrutura “do templo vivo” “onde Deus habita”. Os sectários se apoderam dos homens imprudentes ou perversos, os moldam segundo o Arcanjo da revolta, e os colocam no templo da impiedade e da corrupção.

A hierarquia católica é a voz de Jesus Cristo no mundo, sua mão, seu corpo, seu instrumento para a obra da salvação das almas: ela reza, fala e age em seu nome; em seu poder e em sua virtude, ela dá “a verdade e a graça” a todos “os homens de boa vontade”; nele e com ele, ela trabalha para todas as “nações da terra” entrarem “no reino de Deus”. A hierarquia ou as hierarquias maçônicas são “a cátedra de pestilência” onde senta “o adversário” de Jesus Cristo, onde “ele chama o bem de mal, e o mal de bem”, de onde “ele ensina a mentira” e combate o reino de Deus; elas são o corpo e o instrumento que lhe servem para arrastar os homens em sua própria revolta; nelas e por elas, ele faz contra a Cidade de Deus a maior guerra que jamais se viu; com seus socorros, ele se gaba por fazer o sobrenatural desaparecer de toda a terra e por arrastar o gênero humano em uma apostasia universal.

Em uma palavra, assim como o sacerdócio católico faz no mundo a obra de Jesus Cristo, assim a franco-maçonaria faz a de Satanás. Assim como um milita por Jesus Cristo contra Satanás, outro combate por Satanás contra Jesus Cristo. Enquanto o primeiro eleva o templo da caridade, o segundo constrói o templo da apostasia.

7.

Assim toda a hierarquia católica diz para Jesus Cristo: “Meu Senhor e meu Deus, eu vos consagro minha liberdade, minha memória, minha inteligência e minha vontade. Tudo o que possuo me vem de vós; eu o reponho em vossas mãos e só quero usá-lo para vosso serviço”.

Por sua vez, toda a hierarquia maçônica poderia dizer a Satanás: “Venha, Satanás; venha, ó calunia dos padres e dos reis: que eu te abraço, que eu te aperto sobre meu peito! Há muito tempo te conheço, e tu me conheces também. Tuas obras, ó bendito de meu coração, não são nem belas nem boas; mas somente elas dão um sentido ao universo, o impedindo de ser absurdo. Que será da justiça sem ti? Um instinto. A razão? Uma rotina. O homem? Uma fera. Somente tu animas e fecundas o trabalho; enobreces a riqueza; serve de desculpa à autoridade; coloca o selo à virtude. Espere ainda, proscrito! Tenho apenas uma pluma a teu serviço; porém ela vale milhões de boletins. E eu prometo só largá-la quando os dias cantados pelo poeta voltarem:

Ah! Devolva-me os dias de minha infância, Deusa da liberdade[14]!”

Tal é a essência da franco-maçonaria.

Sim, para resumir tudo em uma palavra, os sectários de nossa época são sim os operários que procedem de todas as partes para a edificação do templo ou da Cidade de Satanás. Convenceremos-nos disso durante todo o curso desta obra.

BENOÎT, P.  La cité antichrétienne au XIXe siècle. Tradução de: Robson Carvalho. Paris: Société Générale de Librairie Catholique, Tome I, 1886, p.1-8.

__________

[1] Enc. Humanus genus, 20 apr. 1884. Tradução nossa.

[2] Grande número de autores católicos tratou do tema de nosso estudo. Remeteremos frequentemente o leitor às suas obras, especialmente ao livro tão notável do P. Deschamps e de Claudio Jannet: Les Sociétes secrètes et la Société.

[3] Indicaremos mais adiante a origem histórica deste nome. Ele foi tomado, como o diremos, de uma instituição durante muito tempo estranha às seitas maniqueias, e na qual estes acabaram penetrando. Ora, apoderando-se de um nome antigo, as seitas anti-cristãos lhe deram um sentido novo. É este novo sentido que explicamos aqui.

[4] Mt XVI, 18.

[5] I Cor III, 16.

[6] Ibid. 17.

[7] I Cor. III, 9.

[8] Ap. XX, 2, 3.

[9] Ez. XL; Ap. XI.

[10] Salmo XXVI, 4; Is. VI, 1; Jr XXX, 18; Dn III, 53, etc.

[11] Dispersi sunt lapides sanctuarii in capite omnium viarum. Thren. IV, 1.

[12] Eccles.

[13] I Pe II, 4-7.

[14] Proudhon.

fonte:http://catolicosribeiraopreto.wordpress.com




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