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31/07/2018
Reações à exclusão de McCarrick do Colégio Cardinalício

Reações à exclusão de McCarrick do Colégio Cardinalício

31 Julho 2018

A seguir estão respostas e reações de uma variedade de fontes sobre o anúncio de 28 de julho que o Papa Francisco aceitou a demissão de Theodore McCarrick, arcebispo emérito de Washington, do Colégio Cardinalício e também "ordenou a suspensão do exercício de qualquer Ministério público, juntamente com a obrigação de ficar em uma casa a ser indicada, para uma vida de oração e penitência."

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A reportagem é publicada por National Catholic Reporter, 30-07-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Cardeal Joseph W. Tobin, C.Ss.R., Arcebispo de Newark.

McCarrick conduziu a Arquidiocese de Newark entre 1986-2000.

"O sombrio anúncio do Vaticano nesta manhã [28 de Julho] terá forte impacto sobre a comunidade católica da Arquidiocese de Newark. Esta notícia mais recente é um passo necessário para a Igreja se responsabilizar por abuso sexual e assédio perpetrado por seus ministros, não importa sua posição. Peço a meus irmãos e irmãs que rezem por tudo o que pode ter sido prejudicado pelo antigo cardeal e que rezem por ele também".

Robert M. Hoatson, antigo padre da Arquidiocese de Newark

Ele também é fundador da Road to Recovery (Caminho para Recuperação, em português), que defende vítimas de abuso sexual

"Finalmente, mas muito tarde, o cardeal Theodore McCarrick é forçado a se demitir como um cardeal da Igreja Católica Romana por causa de seu abuso sexual de menores e de adultos ao longo de décadas.”

"Uma investigação criminal deve ser conduzida para descobrir quais os líderes da Igreja sabiam, o que sabiam, quando sabiam, e o que fizeram para encobrir o comportamento imoral de McCarrick e de muitos outros Bispos, padres e diáconos."

A demissão de Theodore E. McCarrick deve ser apenas o início de uma investigação criminal de todos os aspectos do comportamento sexualmente abusivo do Cardeal com crianças e adultos e também do encobrimento dos abusos dele e de muitos outros Bispos, padres, e diáconos da Arquidiocese de Nova York, da Diocese de Metuchen, da Arquidiocese de Newark e da Arquidiocese de Washington, D.C.

Antigo coroinha de Nova York cujas alegações de abuso começaram ações contra McCarrick este ano

Em entrevista ao New York Times.

Identificado, apenas como Mike para proteger sua privacidade, o homem de 62 anos disse ao Times que a notícia da demissão foi como um "soco na barriga."

Ele disse que acredita que McCarrick renunciou somente porque foi forçado, não porque aceitou a responsabilidade.

"Estou meio chocado que levou tanto tempo para ele ser pego", disse Mike, na primeira vez que falou publicamente. "Mas estou feliz que fui o primeiro a abrir a porta para outras pessoas."

Greg Burke, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, falando à Reuters Television

"O importante é que McCarrick não é mais um cardeal. O que isto significa é que, não importa quão importante sua posição, não importa o prestígio, quando se trata de sexo abusivo você vai ser responsabilizado. Essa é a mensagem enviada hoje."

Bispo Michael F. Olson de Fort Worth, Texas, em carta para sua diocese.

O Catholic News Service informou sobre uma carta.

"O Ministério na Igreja é uma graça de Deus que carrega com ele sóbria responsabilidade. Ministério não é um direito a ser reivindicado por qualquer um como um título; pelo contrário, envolve uma relação de confiança estabelecida pelo nosso batismo como membros da Igreja estabelecida por Cristo", disse ele.

"Nós vemos nos escandalosos crimes e pecados que alegadamente foram cometidos pelo agora ex-Cardeal McCarrick, a violação de confiança e graves danos causados à vida e à saúde de suas supostas vítimas", continuou. "O escândalo e a dor são agravados pelo fato horrível de, ao que tudo indica, uma de suas vítimas foi a primeira pessoa que ele batizou depois de sua ordenação sacerdotal."

Olson disse que os crimes do antigo Cardeal “causaram muitos danos para a integridade da hierarquia e da missão da Igreja”.

O Bispo do Texas também disse que os líderes da Igreja que sabiam dos "alegados crimes e má conduta sexual e não fizeram nada (devem) ser responsabilizados por sua recusa em agir, permitindo que outros fossem machucados."

Kurt Martens, professor de direito canônico na Catholic University of America

Martens falou ao The Washington Post.

Martens disse que a Igreja Católica tem normalmente punido as pessoas ordenando que elas conduzam uma vida de "oração e penitência". No caso do McCarrick, o Vaticano impôs a punição mesmo antes do julgamento começar — aumentando a pressão para a Igreja encontrar formas mais duras de punição.

"Pois se está ficando sem opções se for o caso de impor uma punição adicional", disse Martens. "Eu não ficaria surpreso se ele for demitido do estado clerical."

James, que acusa McCarrick de ter abusado dele por 20 anos

O homem do Estado da Virgínia de 60 anos que recentemente tornou público alegações de que McCarrick abusou dele por 20 anos, começando quando tinha 11 anos de idade falou ao The Washington Post.

James, que falou na condição de seu sobrenome não ser usado para proteger sua família, disse que estava emocionado ao saber que Francisco tinha aceitado renúncia de McCarrick no sábado, sinalizando que a Igreja acredita nos acusadores.

"O Vaticano agora sabe de tudo, percebe a profundidade do malefício dele na Igreja e que está na hora de limpar a casa", disse James. Quanto a McCarrick: "Foi culpado desde o início de sua vida. Agora percebeu que está encurralado e não pode sair."

Voice of the Faithful

A Voice of the Faithful (Voz dos Fiéis, em português), que se constituiu na sequência do escândalo de abuso sexual que tomou conta da Arquidiocese de Boston em 2002, emitiu um comunicado no dia 30 de julho, convocando "maior responsabilização e transparência."

Segue a declaração completa:

Como o escândalo de abuso sexual clerical atingiu um novo nível de intensidade, particularmente com o cardeal Theodore McCarrick (credivelmente acusado) e a renúncia do (condenado) Arcebispo Philip Wilson, a Voice of the Faithful, uma organização de católicos defendendo mais ampla influência de vozes leigas na Igreja, acolhe de braços abertos não só essas ações, mas também o que elas e outros episódios recentes contribuirão para a transparência e responsabilidade no futuro.

Estes dois acontecimentos seguem um período que incluiu em poucos meses:

-Demissão por parte do Papa Francisco de três bispos chilenos, alegações de encobrimento feitas contra dois cardeais chilenos e um arcebispo, e uma investigação de toda a Igreja chilena;

-Condenação de uma ex-núncio do Vaticano a cinco anos de prisão por posse e distribuição de pornografia infantil;

-Remoção do cargo do Arcebispo de Guam, depois de "certas acusações" de abuso;

-Um cardeal em julgamento na Austrália por encobrir abusos;

-A Arquidiocese da cidade do México em parceria pela proteção de crianças com a Survivors Network for Those Abused by Priests (Rede de Sobreviventes para Abusados por Padres (em português);

-Algumas paróquias da Arquidiocese de St Paul-Minneapolis ajudando a pagar acordos ao sobreviventes de abuso do clero; e

-Lançamento em meados de agosto de uma investigação de abuso em seis dioceses da Pensilvânia.

O horror do abuso atingiu a hierarquia com maior responsabilidade. Um novo nível de transparência em potencial está se formando e é promissor.

Voice of the Faithfull e todos que trabalham para a Igreja só podem ter esperança.

Patricia McGuire Presidente da Trinity Washington University

Patricia refletiu sobre as acusações contra McCarrick numa postagem intitulada "Cardinal Sins" (Os Pecados do Cardeal, em tradução livre).

... As alegações contra McCarrick são profundamente sérias e uma fonte de tristeza para muitos que o conheciam na Arquidiocese de Washington. (A partir de 28 de julho McCarrick renunciou ao seu cargo no Colégio Cardinalício). Nossa principal preocupação deve ser com as vítimas — sejam menores de idade ou jovens padres. O fato é que uma pessoa numa posição de poder tremendo e de profunda confiança cometeu atos hediondos para sua própria gratificação. As alegações podem ser falsas? Claro, mas as fontes parecem numerosas, e fatos estão emergindo de que as alegações são conhecidas há muito tempo e algumas foram conduzidas a acordos em dinheiro. Não é um dispositivo de culpa absoluta, mas não são as circunstâncias em que qualquer padre, bispo ou Cardeal deve se encontrar.

A resposta da Igreja à crise maciça de abuso sexual sempre pareceu faltar de certo nível de entendimento profundo e urgente da gravidade do pecado contra crianças e outras vítimas. Certamente, palavras foram ditas, gestos foram feitos, dinheiro foi pago. Mas, de alguma forma, palavras, gestos e cheques fazem com que tudo pareça mais pela autoproteção da organização do que verdadeiramente uma penitência a nível mais profundo.

Em uma época onde se pode casualmente ouvir gravações secretas de um candidato presidencial falando em pagar uma estrela pornô, se pode perguntar o que falta para homens poderosos entenderem o profundo horror de abusar do corpo de outra pessoa para seu próprio prazer. #MeToo é um movimento entre as mulheres que sofreram abuso grave nas mãos de homens poderosos, e ainda, muitos homens em posições de poder (incluindo o Presidente, que recentemente zombou o movimento #MeToo) tratam do assunto como se realmente não fosse grande coisa. Cardeais e Bispos são homens poderosos, então talvez não seja incomum que, também, tenham dificuldade em entender o impacto profundamente humano do abuso. ...

No final, contudo, o Papa, Cardeais e Bispos devem encontrar algo diferente, algo mais: uma profunda, convincente e durável voz vinda do núcleo da Igreja, uma prática de expiação que leve à reconciliação com as vítimas e aqueles que as acompanham. O exercício de uma voz como esta não pode surgir de um posicionamento de poder e de autoridade, ou de legalidade e de autoproteção, mas sim, de uma postura de humildade genuína e vulnerabilidade. Tal postura requer um vocabulário mais simples e mais humano que implora perdão e o expressa a um nível de compreensão sobre a ferida. ...

Bispo Edward Scharfenberger de Albany

O Bispo Scharfenberger enviou uma carta aos membros do clero de Albany na sexta-feira, 26 de julho, depois que o pe. Desmond Rossi, de sua diocese, concedeu entrevistas falando sobre o que chamou de uma cultura de assédio sob McCarrick. A revista America noticiou a história de Rossi, 25 de julho. A seguir estão trechos da carta de Scharfenberger.

... Sem dúvida você ouviu e ouvirá de seus amigos sobre quão sacudidos e desanimados eles estão em função das revelações públicas de comportamento desprezível por parte de um Cardeal muito popular e carismático, com padres e seminaristas sob seu controle. Um santo e fiel cavalheiro católico — um médico profissional e querido amigo – me mandou uma mensagem nesta manhã sobre sua família que está total desânimo por causa do caso e que a USCCB [Conferência Episcopal dos Bispos dos EUA] deve se dissolver: "sua credibilidade foi atingida, provavelmente por décadas." ...

Mais palavras não vão reparar ou restaurar o dano que foi feito. Encaminhamentos jurídicos, promessas e mudanças nas estruturas burocráticas e nas políticas também não podem fazê-lo. Não vejo como podemos evitar o que realmente está na raiz da crise: pecado e a retirada de santidade, especificamente a santidade de uma sexualidade integral, verdadeiramente humana. ...

Abuso de autoridade – neste caso, com forte conotação sexual – com pessoas vulneráveis é dificilmente menos condenável do que o abuso sexual de menores, que a USCCB tentou abordar em 2002. Infelizmente, naquela época – algo que nunca entendi –, a carta não foi longe o suficiente para responsabilizar Cardeais, Arcebispos e Bispos igualmente, se não mais, do que os padres e diáconos. ...

Deixe-me esclarecer, no entanto, ao afirmar a minha convicção de que se trata, no fundo, muito mais do que uma crise de políticas e procedimentos. Nós podemos – e estou confiante de que vamos – reforçar as regras, regulamentos e sanções contra qualquer tentativa de "se safar" de tais comportamentos destrutivos e maus. Mas, na sua essência, isto é muito mais que um desafio da aplicação da lei; é uma crise profundamente espiritual. ...

Elizabeth Scalia, blogueira católica

Em um comentário de 26 de julho, sob a manchete “McCarrick, Mary, and Mystery: Seeking Truth in the Moment” (McCarrick, Maria e Mistério: Buscando a Verdade neste Momento, em português), a blogueira católica Elizabeth Scalia primeiro escreve sobre a investigação da Igreja sobre uma estátua de Maria na Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe em Hobbs, Novo México, que se diz chorar lágrimas de azeite perfumado, e então ela direciona seu texto para McCarrick.

Se as lágrimas de crisma permanecem um mistério, talvez possamos tomar isso como um sinal da Mãe da Igreja que os homens da Crisma precisam, sim, de nossas orações, mas também de algo mais: nossa ajuda e nossa vigilância para enfrentar tempos difíceis de exame e necessária, muito provavelmente dolorosa, correção.

O que faremos com esse sinal? Bem, por um lado, temos de estar dispostos a investigar o tempo padrão de abuso, influência e encobrimento que envolve o cardeal Theodore E. McCarrick (e seus possibilitadores) como cuidadosa e minuciosamente investigamos milagres em Lourdes e as lágrimas de Nossa Senhora. Temos de ser tão implacáveis na descoberta de provas, buscando evidências e desconfiando de "fáceis" respostas sobre os homens que dirigem a Igreja, como estamos sobre cada declaração de milagre que estudamos. ... A história completa — por mais que nos frustre ou machuque — precisa ser revelada.

Mesmo sem as lágrimas da Virgem, é hora de reconhecer que, como Igreja, uma poderosa faxina deve ser feita para o bem de milhões de almas e do próprio futuro da fé em si. Serviço de limpeza é um trabalho humilde, mas necessário. Como padres e leigos, que nos deixem pegar no batente.

John Carr

John Carr, diretor da Initiative on Catholic Social Thought and Public Life (Iniciativa sobre o Pensamento Social Católico e Vida Pública, em português) na Georgetown University

Carr trabalhou próximo de McCarrick em iniciativas políticas quando trabalhou para a Conferência dos Bispos dos Estados Unidos em Washington.

"Como padre, estou chocado e irritado. Como católico, me sinto traído e envergonhado. ... Como antigo amigo do Cardeal McCarrick, estou devastado, especialmente pelas vítimas e suas famílias. Rezo para que estes desenvolvimentos horríveis possam ajudar a acabar com esse mal de abuso sexual clerical e desmontar a cultura que o permitiu dentro de nossa família de fé."

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/581335-reacoes-a-exclusao-de-mccarrick-do-colegio-cardinalicio




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