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16/08/2020
Por que até padres e bispos se escandalizam com os milagres de Cristo?

Por que até padres e bispos se escandalizam com os milagres de Cristo?

15-08-2020

OUVINDO NÃO POUCOS padres, teólogos e alguns prelados, seria de se supor que os milagres – o milagre literal, como um fenômeno que desafia as leis da natureza – envergonham os supostos "cristãos adultos", que os consideram pouco mais do que símbolos e mitos típicos da uma experiência de fé "imatura".

“Não podemos cair na infantilidade de acreditar que Jesus magicamente fez aparecer o pão ou que choveu pão do céu”, é o que pode ser lido no Twitter do pároco argentino Sebastián García. "Deus pede que sejamos nós os responsáveis;​ (...) isso nutre a grandeza de Jesus e nutre a fé”...

Não é um comentário muito original sobre a Multiplicação dos Pães e dos Peixes, muito pelo contrário: é praticamente a versão, digamos, "oficial" da Igreja de hoje.

“O verdadeiro milagre da multiplicação dos pães e dos peixes não será tanto que o pão caia do céu, quanto que Jesus destrava os corações, que são incentivados a compartilhar o que possuem e não o que sobra", insiste Garcia. "Há então um verdadeiro milagre, não porque aparece o pão, mas porque se desencadeiam corações endurecidos que partem da lógica de acumular para si próprios e, da sua própria riqueza, e não do que sobra, são capazes de partilhar"...

Infelizmente, não faltam pessoas que acham muito "bonitas" as interpretações sociológicas desse tipo, sem se aperceber da grande desgraça que é ver um sacerdote ou um bispo, que deveriam ser os primeiros a assumir que cremos no que não pode ser visto (a não ser pelos olhos da Fé) – e a dar o exemplo na adesão a essa mesma Fé no invisível, no Transcendente, no que é maior do que todos nós – querer fazer exatamente o contrário: reduzir o que é espiritual, sobrenatural e infinito, a um corriqueiro acontecimento histórico, localizado no tempo.

Na realidade, qualquer um que leia o relato do Evangelho sem nenhuma ideia (ou ideologia materialista) pré-concebida, será obrigado a empreender verdadeiros malabarismos lógicos para negar o milagre. O Texto Sagrado afirma explicitamente a ação divina sobre a natureza, fazendo questão de citar inclusive os números (como se o autor sagrado soubesse, já quando escreveu, que um dia tentariam deturpar as suas palavras): eram cinco pães e dois peixes, cinco mil homens, doze cestos com sobras.

Se esse "milagre" pudesse ser alcançado apenas através da "partilha" de cinco pães e dois peixes – para cinco mil pessoas – não existiria a economia nem os economistas seriam necessários, certo?

De fato, pessoas honestas só podem chegar a uma dessas duas conclusões depois de ler o relato do Evangelho: ou a pessoa que o conta está mentindo (ou exagera tremendamente), e nesse  caso a narrativa não é confiável, ou houve realmente um milagre particularmente notável (e somente assim pode fazer sentido crer na Bíblia).

Mas, como dissemos, esse tipo de reinterpretação materialista não é original e nem se refere apenas a esse milagre em particular. A ocorrência do milagre, no geral, parece escandalizar a todo um setor de enorme peso na Igreja; representa mesmo a opinião dominante atualmente.

Não faz muito tempo, num texto publicado em seu portal "Religión Digital", José Manuel Vidal  dizia que sonhava com "uma Igreja menos milagrosa e mais científica: isto é, mais evangélica"... Mas, ora, quem lê o Evangelho sem preconceitos terá que concordar que ali a ciência, ou o que chamamos hoje de "ciência" (empírica e materialista), praticamente não existe, enquanto que os milagres abundam e são avassaladores.

São inúmeras as curas impossíveis, os paralíticos que andam, os leprosos que são purificados, os mortos que ressuscitam, os cegos que vêem, as tempestades que cessam por ordem do Mestre, as vozes do céu e o mesmo Mestre andando sobre as águas. Que tipo de "evangelho científico" seria esse, com que Vidal sonha!? Bem, podemos dizer com certeza que teria que ser algo totalmente novo e revolucionário, que não se parece em nada com nenhum dos Evangelhos escritos pelos Apóstolos de Cristo e nos quais a Igreja creu desde o início até hoje.

É, honestamente falando e em última análise, simplesmente impossível "limar" do Novo Testamento todos os milagres que contém, e que os textos ainda continuem a fazer sentido. Antes de tudo, meus irmãos, porque toda a nossa Fé depende de grandiosos Milagres: a Concepção, a Encarnação e a Ressurreição do Filho de Deus.

E, no entanto, querem silenciá-los, calando o maravilhoso, o prodigioso, aquilo mesmo que atrai poderosamente os mais "imaturos", isto é, os mais simples, os puros, os que não estudaram as teorias de teólogos alemães e latino-americanos malucos. Sim, são esses, os simples de coração, que Jesus ama especialmente. Para esses é que fez tantos milagres, os quais levaram muitos a reconhecer: “Verdadeiramente esse homem é o Filho de Deus!”.

Por que esse medo de milagres? De onde vem, a que serve? É um medo do sobrenatural, um desejo de transformar a maravilhosa Sã Doutrina cristã em uma ideologia, mais afeita à política do que à Religião verdadeira. Uma política "do povo – o tal "povo" sempre decantado em prosa e verso, essa entidade etérea, imaginária, que, ao contrário dos milagres de Cristo, não existe. Pois as pessoas mais humildes são justamente as que procuram os milagres, que creem neles, que precisam deles.

Sem a visão transcendente que define propriamente o Evangelho, sobra apenas a tola e – esta, sim, imatura – ambição de criar o "paraíso na Terra". Essa tentativa, claro, é vã e criminosa desde o início, mas, por algum motivo que desconhecemos, eles não desistem. Parece que Judas Iscariotes subsistirá entre os herdeiros dos Apóstolos, assim como o joio no meio do trigo, até a consumação dos séculos.

Fonte:https://www.ofielcatolico.com.br/2020/08/por-que-ate-padres-e-bispos-se.html?




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