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02/10/2015
Blitz de Putin deixa Washington desatinada e confusa

Blitz de Putin deixa Washington desatinada e confusa

Na 2a-feira, o presidente Vladimir Putin da Rússia fez dura crítica à política externa dos EUA da tribuna da Assembleia Geral da ONU. Na 3a-feira, Barack Obama tentou apunhalar Putin pelas costas. Aqui, o relato da Reuters:

 

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 Por Mike Whitney

Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu

"A França discutirá com seus parceiros nos próximos dias uma proposta da Turquia e de membros da oposição síria, para criar uma zona aérea de exclusão no norte da Síria – disse o presidente francês François Hollande, na 2a-feira. (...)
O ministro de Relações Exteriores da França Laurent Fabius disse que "nos próximos dias estudaremos a demarcação, como proteger essa zona e o que pensam nossos parceiros" – palavras de Hollande aos repórteres, nos bastidores da Assembleia Geral da ONU (...).

Hollande acrescentou que na sequência a proposta seria aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, numa resolução que "daria legitimidade internacional ao que está acontecendo nessa zona" (France, partners to discuss northern Síria ‘safe zone’: Hollande, Reuters)

http://tlaxcala-int.org/upload/gal_11685.jpg

Hollande é mentiroso, um fantoche. Ele sabe que o Conselho de Segurança nunca aprovará nenhuma zona aérea de exclusão. Rússia e China já disseram que vetarão. E explicaram por que se opõem à ideia: porque não querem ter nas mãos mais um estado destruído, como a Líbia. Destruir a Líbia foi precisamente o resultado que EUA e OTAN obtiveram, quando impuseram aquela zona aérea de exclusão.

Mas não se trata disso, agora. A real razão pela qual a tal 'zona aérea de exclusão' voltou à discussão é que essa é uma das concessões que Obama fez a Recep Tayyip Erdogan da Turquia, em troca de poder usar a base aérea de Incirlik. Washington estava conseguindo esconder os termos desse acordo, mas Hollande deixou o gato escapar do saco. OK, mas... e quem empurrou Hollande, o joão-bobo, para essa sandice de zona aérea de exclusão?

Ora... o governo Obama, é claro. Ou alguém está supondo que Hollande estaria conduzindo alguma política francesa independente para a Síria?! Claro que não. Hollande está fazendo o que foi mandado fazer, exatamente como quando recebeu ordens para 'melar' o negócio dos Mistral, ação que causou à França prejuízo gigante de $1,2 bilhão. Washington e OTAN não gostaram de a França vender helicópteros de transporte de última geração ao arqui-inimigo Putin, e ordenaram que Hollande pusesse fim àquela conversa. O que ele fez, claro, porque fantoches fazem o que os mandam fazer. E agora Hollande está dando cobertura à tentativa de Obama para manter ocultos os termos do negócio que fez com a Turquia. Por isso dissemos que Obama apunhalou Putin pelas costas – porque a zona aérea de exclusão que Obama 'ofereceu' a Erdogan, fere gravemente os interesses da Rússia na Síria.

Não se deve de modo algum subestimar o significado do artigo da Reuters. Ali se sugere que houve um toma-lá-dá-cá pelo direito de usar a base aérea de Incirlik, e Obama aceitou as demandas da Turquia. Mas por que isso seria tão importante?

Porque a Turquia fez três demandas:

    1– Zonas seguras no norte da Síria (o que significa que a Turquia planeja, na prática, anexar parte significativa do território sírio soberano).

    2– Uma zona aérea de exclusão (que permitiria que tropas turcas, forças especiais dos EUA ou terroristas apoiados pelos EUA conduzissem suas operações militares com cobertura aérea dos EUA).

    3– O compromisso, dos EUA, de que ajudarão a Turquia a derrubar Assad.

E Obama aceitou essas três demandas, antes de Erdogan concordar em deixar a Força Aérea dos EUA usar a base de Incirlik?

Sim, aceitou, ou, pelo menos, suponho que ele tenha aceitado – motivo pelo qual acho que estamos no início da Fase 2 da agressão dos EUA contra a Síria. Incirlik muda tudo. A partir de Incirlik, bombardeiros, drones e jatos de combate dos EUA conseguiriam entrar no espaço aéreo sírio em 15 minutos, em vez das 3 ou 4 horas de viagem a partir do Bahrain. Significa mais missões, mais drones de vigilância e mais cobertura aérea para garantir proteção aos terroristas que os EUA apoiam e aos soldados norte-americanos em solo.

Significa que os EUA poderiam impor uma zona aérea de exclusão de fato, sobre quase toda a Síria, que deixaria expostas as forças sírias, e faria aumentar muito as chances a favor do exército de terroristas de Obama. Incirlik muda tudo. Passou a ser a pedra fundamental de toda a 'política' dos EUA na Síria. Com acesso a Incirlik, a vitória fica ao alcance das hordas de terroristas que Washington patrocina. Essa é a importância de Incirlik.

E aí está a razão pela qual o normalmente super cauteloso Putin decidiu pôr em ação seus aviões, soldados e armamento logo depois do acordo de Incirlik ter sido assinado, o mais rapidamente possível. Putin viu todo o filme, passando no muro. Imediatamente soube que teria de agir rápido e virar a maré, ou aceitar o fato de que EUA e Turquia realmente conseguiriam derrubar Assad, imediatamente depois das próximas eleições na Turquia, marcadas para 1º de novembro. Esse é o prazo fatal. Então, Putin fez a coisa certa e entrou diretamente nos combates.

Mas o que Putin faz agora?

Na 4a-feira, apenas dois dias depois de ter dito à Assembleia Geral da ONU que "(...) ninguém pode continuar a tolerar o atual estado de coisas no mundo", Putin ordenou o bombardeio de alvos em Homs, uma das fortalezas do ISIS no oeste da Síria. Os ataques, que foram aprovados unanimemente pelo Parlamento russo naquele dia, mais cedo, e que são perfeitamente legais nos termos da lei internacional (o presidente legítimo da Síria, Bashar al-Assad solicitou formalmente que a Rússia atacasse os terroristas), puseram a política dos EUA de pernas para o ar.

Enquanto os militares russos mantêm canal aberto para o Pentágono e estão reportando onde e quando estão atacando, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA John Kirby dizia que os planos dos EUA de "continuar a voar em missões sobre Iraque e Síria" fazem aumentar a possibilidade de colisão não desejada, que pode levar a uma confrontação entre EUA e Rússia.

Será isso, precisamente, o que Washington quer? Um incidente violento, que jogue dois adversários armados com bomba atômica, um contra o outro?

Consideremos um cenário provável: digamos que um F-16 seja abatido sobre a Síria ao por lá passar em missão para dar cobertura aos terroristas de Obama em solo. Agora, com a Rússia também voando sobre a Síria, há boa chance de Putin vir a ser culpado pelo incidente, exatamente como já aconteceu quando o jato malaio foi derrubado (não por russos) sobre o leste da Ucrânia.

E depois? Acontece o quê?

A julgar por incidentes semelhantes, a mídia-empresa entrará imediatamente em modo de propaganda total, a exigir do governo que retalie contra sítios militares russos, e convocará mobilização de OTAN-EUA. Essa ação forçará Putin a defender-se e subir a aposta, ou recolher-se e cair em desgraça. Putin perde nos dois casos. E os EUA aproximam-se mais um passo de alcançar seu objetivo de derrubar Bashar al Assad.

Putin sabe de tudo isso. Compreende perfeitamente os riscos desse envolvimento militar, motivo pelo qual só depois de muito relutar decidiu-se, afinal, por essa via de ação.

Isso posto, deve-se esperar que Putin aja como agiu quando tropas da Georgia invadiram Ossetia Sul em 2007: Putin usou os tanques para obrigar as tropas invasoras a recuar para dentro das fronteiras da Georgia e imediatamente pôs fim às hostilidades. Foi atacado pelos críticos da direita por não ter invadido a Georgia e removido o líder, Mikheil Saakashvili, na capital. Mas, como depois se comprovou, a contenção de Putin poupou a Rússia dos sofrimentos desnecessários de uma ocupação que drenaria recursos e consumiria o apoio popular: Putin estava certo; os críticos, errados.

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Assad, Putin e Nasrallah num cartaz sobre um táxi em Latakia. Reuters

As ações na Síria reproduzirão o que se viu em Ossetia Sul?

Difícil dizer. Mas é absolutamente visível que a turma de Obama está embasbacada pela rapidez da ação. Basta ler o que diz o Guardian britânico:

    "Voltando à Casa Branca, o porta-voz Josh Earnest sugeriu que Vladimir Putin não avisou Barack Obama sobre suas intenções de iniciar ataques aéreos na Síria.
    "Há muito tempo dizemos que aceitamos uma coordenação construtiva com a Rússia" – diz Earnest, antes de acrescentar que as conversas entre militares dos EUA e da Rússia serão puramente táticas: 'para garantir que nossas atividades militares e as atividades militares de nossos parceiros da coalizão sejam conduzidas em segurança'" (The Guardian).

O que significa essa declaração sem pé nem cabeça do porta-voz? Significa que toda a classe política nos EUA foi colhida de surpresa pela blitz de Putin. E que ainda não conseguiram atinar com alguma resposta adequada. Todos sabem que Putin está desfazendo anos de 'trabalho', destroçando grupos terroristas constituídos e treinados durante anos para dar aos EUA os objetivos desejados. Mas ainda não há acordo entre as elites dominantes nos EUA sobre o que deva ser feito.

E construir acordos desse tipo, para decisão dessa magnitude, pode levar tempo, o que significa que Putin provavelmente conseguirá destruir grande número de esconderijos de terroristas e restaurar o controle sobre grandes partes do país de Assad, antes que os EUA consigam costurar qualquer estratégia. De fato, se se mover bem rapidamente, Putin pode até forçar os EUA e seus aliados do Golfo a sentar numa mesa de negociações onde seja possível construir alguma solução política.

É tiro de longo alcance, aposta ousada, mas é melhor opção do que se deixar estar, à espera que os EUA imponham qualquer zona aérea ilegal de exclusão, que leve ao colapso o governo central e reduza a Síria à estado de anarquia semelhante ao que os EUA criaram na Líbia. Aí, definitivamente, não haveria futuro.

 

Fonte: http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=16093

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Ofensiva russa na Síria gera críticas do Ocidente e debates sobre rumos do conflito

    30 setembro 2015

Horas depois de o Parlamento russo ter aprovado por unanimidade o pedido do presidente Vladimir Putin para iniciar ataques na Síria, o Kremlin confirmou que os primeiros bombardeios já estavam sendo realizados perto da cidade de Homs.

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Aviões de combate russos já estão bombardeando locais na Síria

Horas depois de o Parlamento russo ter aprovado por unanimidade o pedido do presidente Vladimir Putin para iniciar ataques na Síria, o Kremlin confirmou que os primeiros bombardeios já estavam sendo realizados perto da cidade de Homs.

Mas enquanto Moscou diz atacar o grupo autodenominado "Estado Islâmico" (EI), porta-vozes do governo americano reforçam as suspeitas levantadas pela oposição síria de que os bombardeios, na verdade, estão sendo direcionados a ela, e não aos grupos extremistas.

Homs faz parte da província de Hama, uma região que se encontra sob o controle dos rebeldes que se opõem ao governo de Bashar al-Assad.

Khaled Khoja, presidente da Coalizão Nacional Síria, da oposição, condenou o que chamou de "agressão militar russa" e disse ainda que o Kremlin não estava combatendo o "Estado Islâmico", mas sim utilizando sua força para "apoiar o regime de Assad em sua guerra contra os civis".

Em meio aos ataques aéreos russos, os porta-vozes de Estados Unidos e do Kremlin já disseram que irão conversar para coordenar as ações na Síria e evitar ainda mais confrontos no país.

O ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, disse que havia uma necessidade de "estabelecer canais de comunicação para evitar quaisquer incidentes indesejados". Já o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que as negociações serão realizadas "assim que possível", provavelmente já nesta quinta-feira.

Preocupações

Em declarações no Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu em Nova York, o chanceler sírio Walid al-Mouallem apoiou o início das operações militares russas e descreveu a atitude do Kremlin como "preventiva e defensiva".

"Apoio completamente as palavras do ministro (de Relações Exteriores Sergei) Lavrov com relação ao início das ações militares contra o terrorismo na Síria, a pedido da Síria e em coordenação com o governo", disse.

Ao mesmo tempo, o chanceler sírio questionou os bombardeios europeus sobre seu território.

"As ações do Reino Unido e da França no espaço aéreo sírio são uma violação descarada da lei internacional e da soberania nacional da Síria."

Durante a reunião do Conselho, o secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu que Washington teria "graves preocupações" se Moscou estivesse bombardeando áreas onde não operam forças nem do "EI", nem da rede Al-Qaeda.

"Não vimos nenhum ataque contra o 'EI', o que vimos foram ataques contra a oposição síria."

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 A Rússia é a principal aliada do presidente sírio Bashar al-Assad

O governo americano informou que está avaliando as operações, ainda que o Pentágono estime que as ações russas são "contraditórias", segundo explicou em entrevista coletiva o secretário de Defesa, Ashton Carter.

O Comitê de Coordenação Local, que é uma rede de opositores sírios, assegurou que os aviões de guerra russos haviam bombardeado cinco áreas – Zafaraneh, Rastan, Talbiseh, Makarmia e Ghanto –, matando 36 pessoas, incluindo cinco crianças.

A Rússia, por sua vez, disse que está atacando redes de telecomunicações, abastecimento de combustível e depósitos de armas e munições do "EI".

Apoio a Assad

Depois da aprovação parlamentar, o Kremlin garantiu que, por enquanto, só está considerando o uso de operações aéreas, e não o envio de tropas terrestres ao país árabe.

"Isso se refere exclusivamente a uma operação da força aérea russa", disse o chefe de gabinete de Putin, Sergei Ivanov, à televisão local, afirmando que o "único objetivo" da operação é "dar apoio aéreo às forças do governo sírio em sua luta contra o 'Estado Islâmico'".

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Rússia e Estados Unidos divergem no conflito da Síria, mas reconheceram a necessidade de coordenar suas ações no território sírio

Mas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não foi tão claro quando questionado se podia garantir que os aviões russos iriam bombear unicamente locais controlados pelo "EI".

"O principal objetivo é lutar contra o terrorismo e apoiar as autoridades legítimas em sua luta contra o terrorismo e o extremismo", disse Peskov.

Várias frentes

O conflito sírio, que teve início em 2011, coloca em confronto forças leais a Assad e organizações fundamentalistas, como o "EI", bem como grupos rebeldes "moderados" inspirados na Primavera Árabe.

Esses últimos estão sendo apoiados pelos Estados Unidos e seus aliados, que também têm bombardeado locais controlados pelo "Estado Islâmico".

Washington tem criticado o apoio de Moscou às forças de Assad e insiste que a solução para o confronto passa pela derrubada do presidente, que foi acusado de reprimir brutalmente seus próprios cidadãos.

Mas a Rússia convocou Washington e seus aliados para deixar Assad em paz e unir forças contra o "EI" – o governo do país também criticou o apoio dado pelos Estados Unidos aos rebeldes "moderados".

"O uso da força no território de um terceiro país só é possível se vier por uma resolução o Conselho de Segurança da ONU ou por um pedido legítimo do governo do país", insistiu Peskov nesta quarta-feira.

"Neste caso, a Rússia será o único país que atuará com uma base legítima (na Síria), porque foi para lá depois de um pedido legítimo do presidente sírio", reforçou.

A necessidade de coordenar ações no país árabe e evitar possíveis choques com a coalizão liderada por Washington, no entanto, foi uma das razões pelas quais Putin se reuniu com o presidente americano Barack Obama em Nova York no início da semana.

E Putin também aproveitou seu discurso na ONU para convocar os países para formar uma ampla coalizão internacional contra o terrorismo representado pelo "Estado Islâmico".

Segundo o analista da BBC para assuntos diplomáticos Jonathan Marcus, isso sugere que o "EI" será o principal alvo de Rússia e Síria.

"Mas o governo de Assad tem muitos outros inimigos, muitos deles apoiados pelo Ocidente, como Turquia, Arábia Saudita e os outros Estados do Golfo Pérsico", reforçou Marcus.

"E se a Rússia não se limitar a atacar o 'EI', isso poderá causar vários outros problemas", advertiu.

 

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150930_bombardeios_russia_siria_rm




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