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05/10/2023
Carta (triste) de Milão sobre tradições perdidas. Como andorinhas

Jesus venha depressa!

por Daniele Berti

Prezado Valli,

o quanto eu gostaria de escrever para você algo sobre o bom, mas, infelizmente, o mau tempo atual

O vórtice rodopiante do pior suga tudo e todos. Homens, tradições, religiões. História, nossa essência. Cada vez mais rápido, nos levaria à extinção se nosso Senhor não nos tivesse feito promessas.

Digo-vos isto porque, como residente milanês há mais de dez anos (agora desapontado, enojado e já não orgulhoso de viver lá), pretendo testemunhar a decadência religiosa e secular desta cidade. A bela vestimenta externa contrasta com uma interioridade irremediavelmente corrupta.

Não entrarei na questão da liturgia vetus ordo que uma cidade com tanto peso religioso relega a uma única igreja e a um punhado de sacerdotes que a levam adiante.

Menciono apenas o que aconteceu na igreja de Santa Maria degli Angeli e San Francesco (Rosetum para os milaneses), onde na festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, durante a missa, com a igreja lotada, como forma de criticar o a figura materna de Jesus, o oficiante, não fez a homilia, não pronunciou o Credo e no final da miserável celebração eucarística (parecia o modelo da rapidinha matinal), nem sequer mencionou uma Ave-Maria . Não digo cantado, não importa, mas pelo menos coral com os fiéis. Nada.

Sintomas de algo que, agora óbvio, é mais profundo. Uma espécie de hipnose em massa que afeta tudo e todos. Refiro-me à perda de tradições em todos os sentidos. Uma encosta imparável.

Agora você deve saber que para o bairro onde moro, cuja igreja é o Rostum, já houve um feriado importante: aquele dedicado ao Padre Pio. A zona é conhecida pelos devotos do santo não só como um antigo local de culto (uma associação celebra todos os meses uma missa em sua memória), mas também porque na praça existe uma importante estátua a ele dedicada.

Pois bem, até há vinte anos o bairro parava durante a semana do festival. As estradas foram fechadas. As caronas chegaram. Os lojistas expunham seus produtos do lado de fora e havia até uma feira livre. A parte secular era muito fervorosa e a parte religiosa também, com a igreja aberta e o convento acessível. Vieram fiéis de outras áreas e famílias reunidas, combinando o sagrado e o profano. Ah, esqueci: também teve a procissão.

Ano após ano, porém, entramos no vórtice da tristeza e da indiferença, alimentado por um mundo de zumbis. Um mundo que agora tem apenas o trabalho, a TV e as redes sociais como constantes. Uma cidade, a nossa Milão, agora reduzida a um dormitório, habituada apenas aos vícios e à vaidade. Uma cidade fria que quer mostrar a sua beleza aos turistas mas que perdeu a sua identidade.

Nada resta das tradições do passado no Rosetum. A festa do bairro não existe mais. Nada. Está tudo acabado também para os frades. Apenas uma missa apressada. Que triste, que amargo na boca. E tenha cuidado: o mesmo se aplica ao resto de Milão.

Uma cidade que agora está “enojada” (deixe-me usar o termo), até pelas andorinhas. Sim, de andorinhas e andorinhões. Um fenômeno do qual não se fala. E me pergunto se sou o único que vê essas coisas que me deixam triste.

Mas nem sempre foi assim e mais cedo ou mais tarde isso vai acabar. Esperemos que mais cedo.

Jesus venha depressa!

Fonte:https://www.aldomariavalli.it/2023/10/05/lettera-triste-da-milano-sulle-tradizioni-sparite-come-le-rondini/




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